Mal iniciamos o ano e nos deparamos com uma nova categoria da vida política do país: o patriota terrorista. Nova nem tanto, ressalvemos, porque já tivemos Plínio Salgado e seus integralistas.
O que mais assusta após os atos terroristas em Brasília, em 8 de janeiro, é que os envolvidos voltaram para as suas casas ou foram passar alguns dias na Papuda sem nenhum arrependimento. Pelo contrário, os extremistas estão convencidos que agiram de forma correta, de que sua bandeira é justa e que novas ações serão necessárias.
Os “patriotas”, neste caso, adotam duas narrativas. Para o público externo, repetem a ladainha de que havia gente infiltrada no motim golpista e que os verdadeiros “patriotas”, “cidadãos de bem”, não se envolvem em ações desse tipo.
Internamente, nos grupos de Telegram e WhatsApp, remoem e retroalimentam a revolta pela prisão injusta dos “companheiros patriotas”, pela remoção dos acampamentos em frente aos quartéis e pela “perseguição” aos golpistas nas redes sociais. Anseiam por mais gasolina na fogueira, e sabem que esse gatilho pode ser disparado por uma única postagem do mandatário-mor do golpe, Jair Bolsonaro.
Os “patriotas” não estão preocupados com os efeitos do golpismo na economia, na convivência familiar, no isolamento internacional do país. Patriota golpista que se preza leva às últimas consequências a ideia de que é possível trair a pátria e escapar incólume, invocando a proteção do direito divino.
Para o patriota que afronta a democracia, os fins sempre justificarão os meios e não há mediação possível de qualquer instância ou instituição democrática. Vale mais a palavra de ordem de Bolsonaro ou Carlucho nos grupos de Telegram do que qualquer artigo da Constituição.
Também não surpreende que, nos atentados terroristas de 8 de janeiro, a República tenha sido sabotada por aqueles que deveriam defendê-la.
Os militares brasileiros estão associados a práticas golpistas desde a derrubada do Império. O fim melancólico da ditadura militar os fez submergir por três décadas, mas a eleição do capitão golpista como presidente da República trouxe de volta a verve antidemocrática das Forças.
O que vai ser daqui para frente? Infelizmente, acredito que os patriotas golpistas jamais irão se arrepender ou mudar suas práticas e estaremos sempre com as nossas instituições ameaçadas.
Comentários
4 Comentários
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Edna Ramos Da Silva 30/01/2023Que nojo ler este cometário! Não vale nem a pena retrucar, se não, sou sujeita a ser presa por ser patriota! Aff
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Mariangela Celina Estrella 28/01/2023Nenhum patriota é golpista, não foram identificados os autores dos ataques, podendo ser esquerdistas infiltrados para denegrir a imagem dos patriotas. Se ser x o regime de ditadura é ser patriota, só por esse fato eu já sou a número 1. Estudei em ótimos colégio e faculdade e não gosto de saber de inimigos do Bolsonaro, um homem íntegro, falando mal dos patriotas.
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José Mario de Oliveira 28/01/2023Toda e qualquer opinião que passe ao largo do \"golpe\" perpetrado contra a justiça do País para a soltura do atual Presidente, durante cumprimento da pena, está comprometida pela parcialidade de quem simpatiza com a esquerda, e portanto carece de peso e crdibilidade.
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Maria Rita 26/01/2023Patriotas que são mesmo patriotas, que amam o Brasil, não destruiriam o seu patrimônio histórico, artístico e arquitetônico. Not´ícias e vídeos mostram que os antipatriotas ou inocentes úteis entraram pela porta da frente nas três instituições. Não se pode utilizar um nome ou adjetivo com significado bom, porque \'patriota\" e a pessoa que se esforça para ser útil à sua pátria, agindo em defesa não dos seus próprios interesses, mas sim do interesse coletivo. É a pessoa que se posiciona, por palavras e por atos, em defesa do bem comum. Portanto patriotas não pode ser terroristas. Estes últimos, também denominados \"gente infiltrada\", que comandaram e realizaram os atos terroristas.