O cardápio dos bares e restaurantes tem cedido cada vez mais espaço para uma bebida que não tem nem a tradição da nossa cachaça e nem a popularidade das nossas cervejas, mas que vem conquistando paladares de norte a sul do Brasil.
De origem holandesa, o gin é uma bebida destilada, com sabor marcadamente floral, que traz refrescância e permite muitas combinações, bem ao estilo do que o brasileiro gosta.
Apesar de ter ganhado popularidade no Brasil há menos de cinco anos, a bebida já era encontrada por aqui no final da década de 1990. Na época, a protagonista da famosa série de TV ‘Sexy and the City’ costumava apreciar um Cosmopolitan -drink que tem o gin como base, quando saía para encontros casuais. Se a vida imita a arte, o gin saiu das telas e passou a ser apreciado no mundo todo. No país, ele era comercializado principalmente em adegas importadoras. “Não era tão fácil encontrar. Eu buscava em empórios mais especializados e quando encontrava, saía muito caro porque era importado”, conta o empresário Arthur Flosi, sócio-criador da Beg, marca brasileira de gin mais premiada do mundo.
Mercado consumidor. O mercado da bebida, que tem o zimbro como ingrediente principal, vem crescendo rapidamente no Brasil. De 2015 para 2019, a produção passou de 802 mil para 7.318 milhões de litro, segundo o Euromonitor. Dados da IWSR (International Wine and Spirits Research), indicam que 2021 também foi promissor para o gin no Brasil, com volumes quase 10 vezes maiores que em 2017.
Luciano Anavi, analista de mercado da IWSR, afirma que a proliferação de marcas regionais cujo custo é menor que os importados tem resultado em um “crescimento notável”.
“O gin também se tornou uma categoria atraente para experimentação e empreendedorismo, com produtos artesanais ainda em expansão e sabores sendo lançados regularmente para atrair consumidores que buscam experiências novas e originais”, garante Anavi.
Os gins são classificados em cinco categorias principais, que se diferenciam pela família aromática dos ingredientes usados. São eles: clássico (zimbro é o elemento predominante), floral (resultado da utilização de flores ou frutos), herbal (que leva ervas como tomilho e hortelã), cítricos (notas cítricas provenientes de frutas) e especiados (composição botânica que agrega especiarias, como canela e noz-moscada).
BEG. A paixão por um bom gin aliada às incongruências do mercado doméstico, levaram o administrador Arthur Flosi a desenvolver a bebida, em 2012. A princípio, não havia intenção de comercializar o produto, mas sim servi-lo em ocasiões com os familiares e amigos. De maneira incipiente, a produção era feita com um alambique pequeno e rendia poucos litros - o suficiente para que ele realizasse inúmeras composições e testes. O passo seguinte veio a partir dos incentivos que recebeu de pessoas que diziam que aquele era o melhor gin que já haviam provado. Depois de passar um tempo em Londres estudando o processo de produção da bebida e mais um outro tanto validando o produto junto ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), a Beg foi lançada ao mercado em 2017.
“O processo de regularização foi burocrático e demorado porque nós éramos uma das primeiras destilarias de gin do Brasil. Então nem os próprios fiscais tinham conhecimento sobre os detalhes da produção para estipular os parâmetros da licença”, explica Flosi, que construiu sociedade com mais três amigos.
A Beg se diferencia das demais marcas justamente pelo processo de destilação, que é feito de forma lenta, com duração aproximada de 7 horas, o que segundo Flosi, garante maior expressão dos sabores. O uso de álcool 100% neutro e de botânicos frescos colhidos na fazenda onde fica a destilaria, em Campinas, resulta em uma qualidade superior. Em pouco tempo, a marca conquistou não só consumidores, estando presente em grandes redes varejistas, como também reconhecimento internacional. Em 2019, por exemplo, a Beg recebeu a premiação máxima na competição ‘The Spirits Business´s Distillery Masters’, que avalia destilarias do mundo inteiro.
A Beg produz 4 versões de Gin: Brazilian Boutique Dry, Modern & Tropical, New World Navy e a Concentrated.
Beg Experience. A Beg destilaria oferece uma experiência imersiva em sabores e aromas através de um tour na sede da empresa, uma fazenda centenária de café. Além de degustar os produtos e conhecer todas as etapas de produção, os clientes desenvolvem, com o suporte de um Master Distiller, sua própria receita de gin. A bebida é oferecida de presente, em uma garrafa cujo design também foi digno de prêmios.
Drinks. G&T é o preparo mais popular e leva gin, água tônica e uma fruta de sua preferência. Outras preparações conhecidas são: Cosmopolitan, Negroni, Dry Martini e Tom Collins. Mas assim como os mixologistas, você pode criar coquetéis diversos com a bebida. Mão na taça!
Harmonização. Larissa Pedretti, gastrologista e docente de alimentos e bebidas no Senac Mogi Guaçu-SP, diz que o gin é uma bebida bastante versátil, harmonizando com vários pratos. Vai bem, por exemplo, com preparações mais gordurosas, como massa ao molho branco, queijos e cortes de carne. Sobremesas também são uma ótima pedida, segundo Pedretti, que indica consumir o gin com um pedaço de um bom chocolate.