PREVIDÊNCIA

Com 8 votos contra, Câmara aprova projeto do governo Anderson que altera receita do IPSM

Por Julio Codazzi | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Cleverson Nunes/CMSJC
Plenário da Câmara de São José dos Campos
Plenário da Câmara de São José dos Campos

A Câmara de São José dos Campos aprovou nessa quinta-feira (8) o projeto do governo Anderson Farias (PSD) que altera as receitas do IPSM (Instituto de Previdência do Servidor Municipal).

Dos 21 vereadores, oito votaram contra a proposta: Amélia Naomi (PT), Dr. José Claudio (PSDB), Dulce Rita (PSDB), Fernando Petiti (MDB), Juliana Fraga (PT), Rogério da Acasem (MDB), Thomaz Henrique (Novo) e Walter Hayashi (PSC).

Nenhum vereador da base governista usou a tribuna para defender o projeto. Já parlamentares contrários ao texto afirmaram que a proposta será prejudicial ao instituto. “É um projeto Cavalo de Troia. É golpe para cobrir o rombo”, disse Juliana Fraga (PT).

“No final das contas, dá com uma mão, e tira com a outra. E tira mais do que dá”, afirmou Dr. José Claudio. “Isso é uma pouca vergonha. É uma barbaridade o que se está fazendo com o patrimônio do instituto”, reclamou Walter Hayashi. “Tirar servidor do Grupo 1 e passar para o Grupo 2 é deixar uma doença se alastrar”, alegou Dulce Rita.

CONTRIBUIÇÃO.
Uma das medidas propostas é o aumento da contribuição patronal ao órgão – o que corrige uma distorção criada em fevereiro de 2020, no governo Felicio Ramuth (PSD), quando a alíquota de contribuição dos servidores ativos e inativos passou de 13% para 14%. Pela Constituição Federal, o poder público pode contribuir com o dobro dos servidores, mas naquele ano a alíquota de contribuição da Prefeitura, da Câmara e do próprio IPSM foi mantida em 26%. O projeto votado nessa quinta-feira amplia a alíquota de contribuição patronal para 28%, que é o dobro do que pagam atualmente os servidores.

Além disso, a Prefeitura passará a pagar uma contribuição suplementar no caso dos professores, para “compensar” o fato dessa categoria se aposentar cinco anos antes dos demais servidores. Essa contribuição patronal extra irá variar de 2,85% a 5,38%.

Outra novidade proposta é o uso da transferência constitucional do Imposto de Renda retido dos servidores inativos para abater dos aportes devidos ao IPSM. Segundo o projeto, apenas esse pacote de medidas já faria a Prefeitura repassar R$ 100 milhões a mais ao IPSM em 2023. Já para a Câmara, o repasse adicional será de R$ 284 mil no ano que vem.

RECEITAS ANTIGAS.
Outro ponto do projeto inclui bens móveis e imóveis do IPSM, além dos respectivos rendimentos, no cálculo realizado todo mês para definir se a Prefeitura precisará fazer aportes ao instituto – o aporte é devido quando a receita do órgão é menor do que a despesa.

Com essa mudança, receitas como o montante recebido pelo IPSM pela locação de imóveis e pela venda da folha de pagamento entrarão no cálculo. E isso será feito de forma retroativa a 2011, o que permitiria um abatimento de parte da dívida da Prefeitura com o órgão, que até outubro de 2022 estava em R$ 323,7 milhões – desse total, o município tenta parcelar R$ 165,9 milhões em 20 anos.

Em março desse ano, a Prefeitura já tentou abater R$ 41,7 milhões da dívida dessa forma, mas a medida foi rejeitada na época pelo IPSM, por falta de respaldo legal – o que esse projeto busca fazer é justamente criar essa previsão legal.

Sobre esse trecho do projeto, a Assessoria Jurídica da Câmara apontou que a aplicação retroativa da medida seria ilegal. A oposição apresentou uma emenda para tentar barrar esse ponto, mas a emenda foi rejeitada nas comissões permanentes, que são dominadas pela base aliada ao prefeito.

À reportagem, o governo Anderson alegou que "a retroatividade da medida é pacificada pelo STF [Supremo Tribunal Federal] por se tratar de contribuição social de um tributo não afetando valores já pagos, mas apenas o saldo de necessidade de aportes atual".

GRUPOS.
Outro ponto do projeto que é alvo de críticas da oposição é a previsão de transferir, para fins contábeis, 1.920 aposentados e pensionistas do Grupo 1 (dos servidores mais antigos) para o Grupo 2 (que foi criado em 2011, quando foi feita a segregação da massa, e tem os servidores que ingressaram no serviço público depois disso).

A medida é uma forma de equacionar o déficit atuarial do Grupo 1, que está em R$ 8 bilhões. Para a oposição, no entanto, isso criará um problema futuro para o Grupo 2, que correria o risco de deixar de ser superavitário. Uma emenda também foi apresentada para tentar barrar esse ponto, mas as comissões permanentes rejeitaram.

À reportagem, a Prefeitura alegou que essa medida não gera "nenhum risco financeiro e nem atuarial para o Grupo 2", que "receberá mais receitas que permitem cobrir as despesas para até 35 anos". "Essa medida não se refere aos funcionários ativos e não afeta em nada a vida dos aposentados e pensionistas por ser uma alteração contábil", concluiu o governo Anderson.

Comentários

4 Comentários

  • Dorcas Nascimento Di Salvo 09/12/2022
    O nosso direito vem sendo usurpado. Quem deveria nos defender seria os vereadores que colocamos lá pela confiança, infelizmente eles fazem conluio com o Prefeito e nós sempre somos os mais prejudicados.
  • Laurence Benatti 09/12/2022
    Lamentável. Esta câmara municipal não passa de um puxadinho do governo. Fazem de tudo para prejudicar o aposentado e o pensionista. Não podemos esquecer que estes imóveis, como também os móveis, foram repassados ao instituto em razão de passivo existente nas contribuições patronais. Agora utilizar os créditos de aluguéis para abater estas dívidas é o mesmo que você receber um imóvel de herança, alugar e ter que mandar o dinheiro para São Pedro! E o caso do Banco Santos como está? O instituto já recebeu o dinheiro que lá foi aplicado de forma irresponsável???
  • Lalah 09/12/2022
    Pra variar essa administração vai ferrar o servidor público e ativo e aposentado. Felicio e Anderson piores prefeitos que SJC já teve, odeiam o servidor público!!!!! Vergonhaaaaa
  • Jeferson Toledo 08/12/2022
    Servidores sinto informar mas este prefeito não gosta de vocês. Está bem claro isto.