Ou seja, não faz parte da horda de seguidores fanáticos que se revezam na frente dos quartéis pedindo um golpe de estado e o fim da democracia brasileira.

Bastou Tarcísio não se declarar “bolsonarista raiz” para as redes sociais dos fanáticos colocarem em xeque a equipe de governo do eleito e suas reais intenções à frente do Palácio dos Bandeirantes.

Por outro lado, os eleitores antipetistas e os viúvos do PSDB que votaram em Tarcísio acreditando em sua suposta “capacidade técnica” observam com preocupação áreas estratégicas do governo serem entregues a uma legião de “importados” e neófitos.

É até engraçado ver o vice-governador Felício Ramuth, crítico feroz das “importações” de quadros feitas pelo PT em São José, ao lado de gente que ele mal conhecia fazia algumas semanas.

O governo de Tarcísio está cheio de autocratas de Brasília, sinalizando talvez sua ambição de liderar uma candidatura de oposição ao PT em 2026, e de figuras marginais da política paulista.

A Segurança Pública, por exemplo, será entregue a tal Capitão Derrite, cuja meta é transformar a Polícia Militar em órgão de investigação e entrar em conflito com a Polícia Civil. Será a primeira vez, em décadas, aliás, que o comando da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo estará nas mãos de um militar de baixa patente.

No papel de equilibrista, no meio dessa geleia geral, estará o secretário de Governo, Gilberto Kassab, que, no plano federal, está muito mais próximo de Lula do que de Bolsonaro.

O governo do carioca Tarcísio de Freitas reserva, portanto, muitas surpresas para os paulistas (boas ou negativas?). E Felício Ramuth? Até agora, o vice-governador eleito fez apenas figuração nos anúncios de secretários, além de acentuar um esperado deslumbre com o novo cargo em suas redes sociais.