Das calçadas de Pindamonhangaba ao segundo cargo mais importante da República: a trajetória de Geraldo Alckmin, 70 anos, merece um filme.
Passando pelo jovem que sonhava em ser diplomata e que acabou professor e médico até eleger-se vice-presidente do Brasil, ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a maior votação da história brasileira – 60,3 milhões de votos.
Alckmin nasceu em 7 de novembro de 1952, em Pindamonhangaba, pelas mãos do médico e pai de Caio Figueiredo, amigo de infância do político e médico como o pai e o amigo. Ele conta como Geraldo veio ao mundo.
“Meu pai era médico e foi quem fez o parto do Geraldo. Ele nasceu sob as mãos do meu pai. Nos conhecemos desde sempre. Ele dizia que queria ser diplomata, para o lado da política”, conta Figueiredo. “Sempre pensamos que ele poderia chegar longe. Ele já foi candidato a presidente duas vezes”.
Figueiredo considera a união de Alckmin com Lula acertada: “Acredito que vai dar certo, Lula tem plena confiança nele, Geraldo é um cara fiel e vai colaborar muito para que esse governo dê certo. Temos esperança que o país melhore. Lula vai resgatar a imagem do país lá fora e Geraldo vai exercer a presidência diversas vezes”.
SERESTEIROS DA POLÍTICA
Percorrendo as ruas de Pinda dá para ouvir as histórias sobre Geraldo Alckmin, que elegeu-se vereador da cidade aos 23 anos, o mais jovem da história. Da Câmara, ele tornou-se prefeito do município e foi ocupar o histórico Palácio 10 de Julho (1870), sede da prefeitura até 2007. Agora ocupará o imponente Palácio do Jaburu, em Brasília, residência oficial do vice-presidente do Brasil.
OVALE circulou por Pinda e conversou com amigos de Alckmin para saber como o novo capítulo repercute em sua cidade natal.
Segundo conta o comerciante José Guarany, 69 anos, dono de uma barraca no Mercado Municipal de Pinda, Alckmin teve um impulso na primeira campanha a vereador, da qual venceu em 1972, do comerciante Athayde Marques, amigo da família, compositor e dono da lendária Barraca do Compadre no mercado de Pinda.
“Quando Geraldo saiu como vereador, o Athayde se prontificou a levá-lo para fazer a campanha, levava à noite em vários lugares da cidade, apresentando Geraldo, que era muito jovem. Ele acabou eleito e saiu para prefeito. Acompanhei toda a vida política dele. Athayde dizia que ele chegaria a presidente.”
Ele explica que Athayde e Geraldo eram como seresteiros da política, passando por bares e outros pontos da cidade para que o jovem candidato fosse conhecido do povo.
Deu tão certo que Alckmin se tornou vereador e prefeito de Pinda, deputado estadual e federal, secretário de Estado, vice-governador e governador de São Paulo. Agora o médico por formação colocará vice-presidente da República no currículo. E, claro, entra na linha de sucessão presidencial.
Sobre a adesão a Lula, Guarany torce o nariz, mas diz que mudança foi “válvula de escape” para Alckmin. “Ele é uma pessoa competente e tem uma vida muito marcante como político. Acho que ele não vai parar por aí não”.
Prefeito de Pinda por dois mandatos, João Bosco Nogueira, 80 anos, precedeu Alckmin no comando da cidade e o apoiou como seu sucessor. “Ele demonstra grande aptidão política, foi eleito para vários cargos. Acredito na carreira política dele desde o início”.
Nogueira diz que “o grande sonho de Alckmin era chegar à presidência, tanto que ele tentou por duas vezes”.
RENASCIMENTO
Com sua fala mansa, seu jeito conciliador e praticante do diálogo, Alckmin tornou-se o vice dos sonhos de Lula, que venceu a eleição presidencial contra Jair Bolsonaro (PL) após passar 580 dias na prisão condenado pela Lava Jato, e também de quase ser dado como ‘morto’ para a política.
Exímio e notório contador de histórias, Alckmin renasce, ao lado de Lula, para marcar o mais importante capítulo da sua história.
A partir de 2023, como num daqueles causos que ele próprio gosta de contar, o ex-prefeito de Pindamonhangaba vai mudar para Brasília.
Ex-prefeito de Roseira e Pinda e amigo de longa data de Alckmin, Francisco de Assis Vieira Filho, o ‘Chesco’, coordenador regional da CDHU, disse que o colega tem tudo para fazer história no governo federal.
“Ele tem as características que o Brasil mais precisa nesse momento turbulento da nossa história. Geraldo sempre foi assim: conciliador, ouve todo mundo, conversa, discute e toma decisões corretas. Não é nenhuma surpresa vê-lo chegar aonde chegou. Ele sempre sonhou com o governo federal.”
