Artigo

De onde vem a força de um tirano?

Por Guilhermo Codazzi | 07/11/2022 | Tempo de leitura: 2 min
Jornalista, escritor e editor-chefe de OVALE

A força de um tirano.

De onde vem a força de um tirano? Vem dos seus braços? Das suas pernas? Quem sabe, então, do seu par de olhos? Não. A força de um déspota vem de milhares, milhões de braços, pernas e olhos de seus súditos.

O pensamento, escrito em uma ode à liberdade e contra a opressão, é do filósofo francês Étienne de La Boétie e integra a obra ‘Discurso da servidão voluntária’, de 1563, e foi escrito após a derrota do povo francês pelo exército do rei Carlos IX, que criara um novo imposto sobre o sal.

Lá se vão 459 anos...

Faz tempo, mas a história parece mais uma esquina, o entroncamento do passado, do presente e do futuro -- futuro que pode ser visto à frente, além do horizonte, ou então pelo retrovisor, quando ‘o sinal está fechado para nós, que somos jovens’. Por isso, cuidado, meu bem, há perigo na esquina, na rua... nas estradas...

Pavimentadas por um bombardeio de fake news, as estradas do bolsonarismo mais radical (seria um pleonasmo?) mostraram-se o cruzamento entre 2022 e 1964, ao vermos brasileiros clamando por uma intervenção militar, entre os dias atuais e o cenário distópico de ‘1984’, obra maior do escritor George Orwell (1903-1950), crítica aos regimes autoritários instalados por soviéticos e nazistas.

O Brasil de 2022 é palco de uma distopia e vê parte da sociedade, infelizmente, aprisionada em um tipo de matrix bolsonarista, fake.

Neste cruzamento da história, infelizmente, o sinal parece aberto para o delírio, o devaneio, para uma espécie de transe coletivo e antidemocrático, além de contraditório -- em nome da democracia, pede-se que o resultado das urnas seja desrespeitado, com as Forças Armadas assumindo o poder; em nome de Deus, propagase o ódio; dizendo-se aliados da verdade, propraga-se a mentira; pela família, permite-se que homens ensandecidos invadam um ônibus para agredir adolescentes em Jundiaí ou que um PM aposentado enforque uma criança de 6 anos até ela desmaiar por fazer o sinal ‘L’ de Lula, etc.

É o terraplanismo democrático, que tortura a verdade nos porões mentais da sociedade, com lavagem cerebral e fake news capazes de transfigurar até mesmo a nossa identidade como povo.

É hora de reconstruir o país. Sem tirania, com democracia.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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