KELMA JUCÁ

Oração à Democracia

Por Kelma Jucá | Jornalista
| Tempo de leitura: 2 min
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Oração à Democracia
Oração à Democracia

Democracia Nossa que estás na Terra.

Sacrossanta é a tua missão. Bem-aventurados são aqueles que reconhecem o teu valor e cooperam com o teu ofício.

Tu, em essência, aceita-nos como somos. Honra a todas religiões, não infligindo dano e mácula sobre qualquer tipo de crente ou mesmo ateu.

Desça a nós e nos cubra com teu nobre manto, de forma que seja feita a vontade da maioria.

Bendito é o fruto que tu pares, o respeito mútuo. A tua presença é uma graça que enche a nós, seres falhos e imperfeitos, da esperança de sermos melhores à medida que nos reconhecemos como iguais.

O pão que alimenta a boca do nobre, rogo-te!, nutra também aqueles menos abastados. Que cesse a dor daqueles que têm fome. Que gente de todas as cores, e de qualquer minoria, se sinta digna de viver sua experiência humana no planeta.

Que ninguém use de má fé e ouse vincular o nome do Ser Supremo – mistério maior entre nós humanos – nas arenas políticas e partidárias. Que aquele de sábia elocução não domine e explore o de parco esclarecimento para que este, alienado, abasteça a massa anônima de traidores da Palavra.

Que as ideologias do sistema econômico dominante não subornem o credo alheio nem levantem suspeitas sobre sonhos honestos daqueles que madrugam por dias mais fartos.

Que a Justiça, Vossa Ministra, tenha olhos para ver o que a vil índole dos insolentes esconde. Que tu, senhora de visão sadia, tenha coração para operar seu expediente com isonomia para os povos dos seis continentes.

Que o peso da tua mão destra seja a penitência para os semeadores da discórdia e dos soberbos, cuja bastilha decretada sirva de lição ao condenado e de sobreaviso aos incautos.

Que a tua bandeira flamule e anuncie a liberdade que pertence ao homem e à mulher. Que desde a mais tenra infância, possamos todos nos expressar e nos comunicar dentro do espectro da fraternidade. Que o amor ao próximo seja uma seara há muito conhecida.

Que as tuas flechas cardeais mirem o alvo e minem o mal.

Que a coragem seja um meio fértil da busca pela verdade. Que a sabedoria seja a rosa escarlate colhida deste terreno, cuja harmonia instiga quem estiver ao redor a trabalhar na semeadura.

Que a temperança promova um ciclo ético entre vizinhos e grandes nações, de forma que estimule atitudes moderadas em detrimento das de paixão cega, que tudo deturpa.

Que o caminho percorrido por tuas flechas estabeleça o bem comum e, como antídoto que salva o condenado do fim iminente, nos inocule um estado permanente de empatia e de direito.

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