Editorial

Sem plano de governo

Ao invés de oferecer ao eleitor um debate sobre o futuro, eleição de baixo nível vira debate a respeito de costumes

22/10/2022 | Tempo de leitura: 2 min

No total, 76 dias - foram 48 de primeiro turno e 28 nesse segundo turno. E como não se espera nada diferente na última semana, já podemos lamentar que em dois meses e meio de campanha não se discutiu o Brasil real.

Economia, e tudo a que ela se refere - desemprego, inflação, fome, miséria. Educação, com formas de facilitar o acesso da população às escolas e de melhorar a qualidade de ensino. Saúde, e caminhos para oferecer aos brasileiros um atendimento digno, sem enormes filas de espera. Meio ambiente, com debates sobre preservação, combate ao desmatamento na Amazônia e desenvolvimento sustentável. Habitação, com meios de proporcionar a todo mundo um lugar para morar. A lista de demandas é enorme, e mesmo assim foi ignorada pelos candidatos.

Chegamos a essa reta final de disputa sem saber quais são as principais propostas dos dois postulantes ao Palácio do Planalto. Lula (PT), que lidera as pesquisas, ainda não divulgou uma versão detalhada do programa de governo. Trata-se de uma estratégia petista para evitar desgastes com segmentos da sociedade e aliados. Mas para o eleitor isso é bom?

Do lado de Jair Bolsonaro (PL), ignorar os problemas reais do país foi tática da campanha. O que já era óbvio para qualquer observador foi confirmado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que sem qualquer vergonha comemorou, durante uma entrevista, que a economia não havia se tornado o debate central da eleição. "O tema dessa campanha não é economia, são os temas propostos por Bolsonaro, defendidos por ele, o que significa uma evidência a mais que o presidente venceu o debate desta eleição".

Nessa entrevista, o ministro celebrou o êxito da campanha do presidente. O objetivo era forçar Lula a debater a agenda de costumes. Após uma série de ataques bolsonaristas, inclusive com informações falsas, o lado petista mordeu a isca e passou a se dedicar a temas como religião e aborto. Mas para o eleitor isso é bom?

Foi assim que, nesse segundo turno, perdemos tempo debatendo comunismo, canibalismo, satanismo, maçonaria, religião, pedofilia e qualquer outro fantasma que force o eleitor a votar não por convicção, mas por medo.

E, sem dúvida alguma, isso não é bom nem para o eleitor e nem para o país.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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