OUTUBRO ROSA

Cresce 63% número de mulheres mortas por câncer de mama na RMVale

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação / Charles de Moura / PMSJC
Mulher faz mamografia no ‘Corujão da Saúde’ do Estado, no Vale do Paraíba
Mulher faz mamografia no ‘Corujão da Saúde’ do Estado, no Vale do Paraíba

Rosas em alerta.

O número de mulheres mortas em decorrência do câncer de mama no Vale do Paraíba aumentou 63,70% em uma década, de acordo com dados do Atlas de Mortalidade por Câncer, do Inca (Instituto Nacional do Câncer).

A plataforma online mantida pelo órgão, ligado ao Ministério da Saúde, aponta que a região confirmou 239 mortes de mulheres por câncer de mama em 2020, segundo os dados mais atualizados. Em 2010, o número de mulheres vítimas da doença foi de 146.

Em uma década, mais de 2.100 mulheres perderam a vida na batalha contra o câncer de mama na região, média de 210 mortes por ano ou mais de um óbito pela doença a cada dois dias.

O câncer de mama é a principal causa de morte por câncer em mulheres no país, com mais de 66 mil novos casos em 2020, segundo o Ministério da Saúde. O câncer de cólon e reto e o de colo do útero vêm em seguida, com 20,4 mil e 16 mil novos casos, respectivamente.

A enfermidade não atinge apenas o público feminino. Entre 2010 e 2020, 25 homens morreram em decorrência de câncer de mama na região.

Tumores malignos nas mamas incidem mais do que o câncer de próstata, a principal causa de morte por câncer entre os homens. A doença registrou 65,8 mil novos casos em 2020.

Entre 2018 e 2020, a RMVale registra um aumento no total de mortes por câncer de mama entre as mulheres. As vítimas fatais da doença passaram de 191 em 2017 para 229 em 2018, na região, um crescimento de 19,90% em 12 meses.

O número continuou em alta e foi para 240 mortes em 2019, aumento de 4,80% comparado ao ano anterior. Em 2020, uma ligeira queda de 0,42% e o Vale fechou com o ano com 239 mulheres vitimadas pela doença.

Entre as cidades, São José dos Campos registrou 70 mortes por câncer de mama feminino em 2020 e 602 na década, com 62,79% de crescimento na mortalidade comparando 2010 (43 óbitos) e 2020 (70).

Taubaté vem em segundo lugar na região, com 31 mortes por câncer de mama em 2020 contra 23 em 2010, alta de 34,78%. Em 10 anos, a cidade acumula 316 mortes pela doença.

A cidade de Jacareí aparece em terceiro, com 21 mortes por câncer de mama em 2020 contra 14 em 2010, um crescimento de 50%. No acumulado da década, o município registra 188 óbitos pela enfermidade.

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PREVENÇÃO

A campanha do Outubro Rosa tem por meta aumentar o acesso de mulheres a informações e, com isso, ampliar a prevenção ao câncer de mama, cuja chance de tratamento e cura aumenta quanto mais cedo o tumor for detectado.

Os médicos apontam que, quanto maior o acesso a informações sobre esse tipo de doença, maior as chances de as pessoas se prevenirem, fazerem melhores escolhas de tratamento.

Segundo os especialistas, as mulheres vítimas do câncer de mama poderiam ter outro destino se soubessem mais sobre diagnósticos e tratamentos disponíveis, muitos deles existentes no SUS (Sistema Único de Saúde) de forma gratuita.

“Esse é um tema que tem a ver com todos nós, independentemente de sermos pacientes, familiares ou amigos. A informação prepara o indivíduo para se cuidar melhor e se preparar para fazer escolhas com mais segurança”, disse Marlene Oliveira, presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida.

DIAGNÓSTICO

Para o oncologista Felipe Ades, que atua no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, o crescimento dos casos de câncer se deve ao aumento do diagnóstico da doença, além do envelhecimento da população. Mas também tem a ver com o estilo de vida das pessoas.

“O aumento numérico chama a atenção e tem a ver com o envelhecimento da população. Qualidade de vida e informação são fundamentais para as pessoas prevenirem os problemas”, disse.

Segundo o especialista, o câncer ainda é envolvido em muito tabu, especialmente relacionado à morte. “O tratamento dá sobrevida ao paciente quando a doença é diagnosticada na fase inicial”.

Ele disse que, ao longo dos anos, o Brasil vem aumentando a expectativa de vida e isso reflete no diagnóstico do câncer.

Ades incentiva a criação de “eventos que ajudam a divulgar a doença”, para ele uma “oportunidade de conversar com a população sobre o assunto”.

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