PAULO ROLIM

A eleição presidencial de 2022

Por Paulo Vosgrau Rolim | 04/10/2022 | Tempo de leitura: 3 min
Advogado, professor universitário, mestre em Ciências Políticas

Canva

Urna eletrônica
Urna eletrônica

Estamos tristes... o nosso candidato não conseguiu convencer os eleitores com as suas propostas para um Brasil melhor. Os que seguem adiante são dois personagens que chamamos  de criador e criatura. Um nasceu do outro.

O criador, que por um passe de mágica do STF em um processo de habeas corpus livrou-se de todos os processos. Sem que tivesse sido inocentado... todas as provas, delações premiadas, ressarcimento da Petrobrás, etc., desapareceram em uma canetada e ele voltou livre leve e solto... muito triste.

De outro lado, uma pessoa insensível, autoritária, misósgina, grosseira que não enfrentou a pandemia, desmontou o sistema de proteção da Amazônia, da educação, da pesquisa, atacou os intelectuais e as universidades. Essa será a disputa para o segundo turno no ano de comemoração do nosso bicentenário da Independência.

Vimo-nos em processo eleitoral caracterizado pelo “nós contra eles”, consequência de uma perigosa divisão da sociedade brasileir, cujo processo fora iniciado pelo ex-presidente Lula e foi aperfeiçoado pelo atual presidente Bolsonaro.  No início, o fundamento era dos pobres contra os mais bem aventurados economicamente no país.

Depois, passou a ser utilizado como fundamento da direita contra a esquerda de forma sistemática, onde o “nós” passou a ser a conduta do atual presidente e “eles”, os adversários políticos. Em ambas as situações, erros grosseiros, mal intencionados e vocacionados para os respectivos projetos de poder do criador (Lula) e da criatura (Bolsonaro). Nessa divisão, nesse racha da sociedade, instalou-se o ódio, o desrespeito e a criação do inimigo, não mais agora, adversário. Isso é muito ruim para o país.

Cabe aqui lembrar que o atual presidente só se elegeu como contraponto dos desmandos do PT na condução política. Basta lembrar os processos do mensalão e da lava-jato. Essa última, que de forma assombrosa foi totalmente anulada em sede de “Habeas Corpus”, em verdadeira invenção lamentável do STF.

Repetimos, o ex-presidente nunca foi absolvido das acusações e sim teve os processos extintos em razão de foro incompetente para julgá-lo. Por outro lado, também repetimos que o atual presidente foi e é um negacionista da ciência, agindo com o escárnio em relação as mortes provocadas pela pandemia e que, dentre outras, mostrou-se ainda, manipulador da fé cristã dos evangélicos, misógino, agressivo e sem postura, ou decoro para com o cargo que ocupa. Isso demonstra de forma clara que ambos, tanto um, quanto outro, não são dignos dos cargos que exerceram e exercem até hoje.

Nessa briga entre “nós contra eles”, e analisando as propostas dos candidatos, entendemos  que o Ciro Gomes seria o melhor dentre todos por apresentar um projeto de Brasil, do qual divergimos em grande parte; mas reconheço que havia um objetivo de levar o país para uma melhor condição.

O resultado das urnas mostrou que o povo assim não entendeu e não o acolheu. E assim, o resultado será um segundo turno entre o criador e criatura, que agora se confundem.

As perspectivas indicam que qualquer que seja o resultado, continuaremos na mesma, subdesenvolvidos, pobres, sem respeito e sem futuro, seja lá quem vença. E tudo isso faz parte de um processo que só a democracia pode oferecer. E por ser a vontade do povo, democraticamente aceitaremos o resultado pretendido pela maioria, mesmo que dela discordemos.

Essa é a essência. Para finalizar, queremos cumprimentar e agradecer a todos os apoiadores de ambos os candidatos vitoriosos, os quais, durante toda a campanha do primeiro turno, impugnaram, discutiram, espernearam, se desesperaram com as minhas postagens. Onde, de forma sucessiva, tentamos mostrar que ambos, apesar dos seus carismas, não mereceriam governar o país.

Através de memes, opiniões, fotos, vídeos, etc., tentamos demonstrar o quanto seria negativo para o país caso se consolidassem, como aconteceu. Concomitantemente, defendemos as propostas do nosso candidato que não logrou êxito em sua campanha e está fora da disputa.  Isso também é democracia.

No segundo turno, anularemos o nosso  voto porque os que continuaram na disputa não nos representam, tanto hoje como para o futuro que sonhamos para os nossos filhos e netos. No entanto, aceitaremos o resultado, seja qual for, em razão do princípio democrático e com a esperança que o ódio termine, assim como a divisão do “nós contra eles”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

Receba as notícias mais relevantes de Vale Do Paraíba e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.