Vamos falar de propostas para o Brasil?
O que será feito nos próximos quatro anos para reduzir a fome e a miséria, que voltaram a ser uma mazela das cidades brasileiras? Vamos seguir presos à armadilha dos auxílios emergenciais criados às vésperas das eleições?
O que será feito para retomar a competitividade da indústria brasileira e gerar empregos de qualidade nas grandes cidades, que hoje sucumbem à informalidade.
O que será feito para reduzir o déficit habitacional gigantesco que atinge este país igualmente, onde não se entregou mais que 5.000 casas populares em quatro anos? Será que a solução para o enorme contingente de sem-teto espalhado pelas grandes cidades é disponibilizar terrenos onde eles possam montar suas barracas, como foi cogitado em São Paulo? O projeto “favela-camping”?
O que será feito para conter o desmatamento criminoso na Amazônia, no Cerrado, no Pantanal, e para proteger a população indígena do garimpo ilegal e dos madeireiros? Ou o Brasil seguirá deliberadamente como um “pária” entre as nações do mundo, tal como a Rússia de Vladimir Putin, por confundir estímulo ao agronegócio com incentivo ao crime?
O que será feito para melhorar a educação brasileira, onde metade das crianças chega ao fim do ensino fundamental sem conseguir interpretar textos ou fazer operações matemáticas simples? Vamos insistir no modelo que transfere aos municípios toda a responsabilidade por planejar, gerir e avaliar o ensino público, enquanto o governo federal segue como um ente ausente.
O que será feito para equilibrar o custeio do SUS e permitir que a desigualdade entre os municípios brasileiros não se perpetue, criando diferentes níveis de acesso à saúde pública?
O que será feito para tirar do papel a reforma tributária, promessa de todos os candidatos à Presidência e medida engavetada por todos os eleitos, assim que tomam posse no Palácio do Planalto?
O que será feito para acabar com as distorções no Poder Público, que multiplica os privilégios no Judiciário, no Ministério Público, em órgãos auxiliares, como os tribunais de contas, enquanto o cidadão comum sofre para ter acesso a serviços judiciais básicos? De que forma pensar uma reforma administrativa se o Congresso está amarrado politicamente a estes mesmos privilégios?
Os problemas do Brasil são gigantes, e não se vê, até o momento, nenhum candidato disposto realmente a enfrentá-los ou com respostas consistentes para solucioná-los. Estamos a menos de 30 dias das eleições e vamos votar, mais uma vez, com base em escolhas e motivações emocionais.
Tristes trópicos.