Editorial

Brasil está sob ataque

Imprensa livre e eleitores que discordam de ideias tiranas têm sido alvo da cólera de Bolsonaro e de seus apoiadores

16/09/2022 | Tempo de leitura: 2 min

O presidente Jair Bolsonaro durante ato em que simulou arma com tripé de câmera e falou em 'fuzilar petralhada'
O presidente Jair Bolsonaro durante ato em que simulou arma com tripé de câmera e falou em 'fuzilar petralhada'

A cada dez brasileiros, sete sentem medo de serem agredidos fisicamente por causa das suas escolhas políticas.

Esse número assustador foi apontado em um levantamento feito pelo Datafolha em agosto. Das 2.100 pessoas ouvidas em 130 cidades, 67,5% disseram ter medo de serem vítimas de agressões. Dos entrevistados, 3,2% afirmaram ter sofrido ameaças por motivos políticos nos últimos 30 dias - o percentual, projetado na população brasileira, equivale a 5,3 milhões de pessoas.

Há dois meses, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados encaminhou para a ONU (Organização das Nações Unidas) uma denúncia com relatos de 13 ataques ocorridos nos últimos quatro anos, que teriam como motivo comum o "ódio bolsonarista".

Apenas esse ano, um drone lançou veneno com cheiro de fezes e urina sobre o público em um ato pró-Lula em Minas Gerais. Um guarda municipal que comemorava o aniversário com uma festa temática do PT foi morto a tiros por um policial penal bolsonarista no Paraná. Por causa de uma divergência política, um policial militar apoiador do presidente atirou em um fiel durante um culto em Goiânia. Também após uma discussão política, um apoiador de Jair Bolsonaro matou a facadas um eleitor petista no Mato Grosso.

Apenas em um dia, 10 pesquisadores do Datafolha foram alvo de hostilidade em oito diferentes estados brasileiros.

Segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras, no primeiro mês de campanha eleitoral foram computados mais de 2,8 milhões de ataques contra a imprensa nas redes sociais. E elas não ficam apenas na internet.

É impossível dissociar todos esses episódios de um presidente que tem a violência como projeto político. Entre outros inúmeros exemplos, Bolsonaro já afirmou que a ditadura militar deveria ter matado mais pessoas no país. Já exaltou um torturador em pleno Congresso Nacional. Facilitou o acesso a armas. E já falou em "fuzilar a petralhada". Não à toa, aqueles que o presidente ataca - adversários políticos, imprensa e institutos de pesquisa - são alvo também de seus apoiadores, que jamais foram desautorizados por Bolsonaro.

Nada disso é admissível em uma democracia. E, pelas últimas pesquisas eleitorais, a maioria dos brasileiros sabe disso. E votará pelo fim da truculência. Sem medo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

Receba as notícias mais relevantes de Vale Do Paraíba e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.