A popularização do Pix transformou a forma como o dinheiro circula no Brasil — e também elevou o nível de precisão da fiscalização tributária. Com apoio de inteligência artificial e bases de dados integradas, a Receita Federal passou a identificar divergências entre renda declarada e movimentação financeira com rapidez inédita, aumentando o cerco à sonegação e a erros no Imposto de Renda.
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Ao contrário do que circula em redes sociais, o Fisco não acompanha cada transferência feita via Pix em tempo real. O monitoramento acontece de forma consolidada e estratégica, a partir de informações enviadas periodicamente pelas instituições financeiras. Bancos e fintechs são obrigados a repassar esses dados por meio da chamada e-Financeira, uma declaração que reúne o total movimentado nas contas dos clientes.
Desde 2025, conforme a Instrução Normativa RFB nº 2.278, as informações são reportadas quando a soma mensal ultrapassa R$ 5 mil para pessoas físicas ou R$ 15 mil para empresas. O envio não diferencia Pix, TED ou DOC: o que importa é o volume global de recursos que entrou e saiu da conta.
Onde entra a inteligência artificial
Depois de receber esses dados, a Receita aciona sistemas avançados de análise, capazes de processar bilhões de registros. Algoritmos buscam padrões incompatíveis entre a movimentação financeira e o que foi informado na declaração anual.
Um exemplo comum envolve profissionais autônomos. Se o contribuinte informa rendimentos modestos, mas apresenta entradas recorrentes muito acima desse valor, o sistema aponta a inconsistência automaticamente. Esse cruzamento costuma resultar em retenção na malha fina e abertura de procedimentos para esclarecimentos.
A análise vai além do extrato bancário. O Fisco também compara informações com compras no cartão de crédito, aquisição de bens como imóveis e veículos, além de dados vinculados a dependentes declarados.
O que costuma gerar alerta
A Receita não direciona seus esforços para transferências esporádicas do dia a dia, como repasses entre amigos ou familiares. O foco está em indícios de renda não declarada ou atividade econômica informal. Entre os principais sinais observados estão:
- Entradas frequentes de valores vindas de diferentes CPFs, sugerindo prestação de serviços ou vendas;
- Volume financeiro elevado incompatível com o rendimento informado;
- Recebimentos sem comprovação fiscal, como pagamentos via Pix sem nota ou declaração.
Independentemente da forma de pagamento, toda renda obtida com trabalho, vendas ou serviços precisa constar na declaração. Especialistas alertam que manter coerência entre ganhos reais e dados enviados ao Fisco é a principal forma de evitar multas, juros e dores de cabeça futuras.
Com tecnologia cada vez mais sofisticada, o Pix deixou de ser apenas um meio rápido de pagamento e passou a integrar, de vez, o radar digital da Receita Federal.