14 de dezembro de 2025. Neo Química Arena, em São Paulo. Uma jornalista de Franca, mais uma vez, buscando um sonho: a classificação para a final da Copa do Brasil.
Quando se fala de Copa do Brasil para o corintiano, logo vem à mente: 2018, quando o Cruzeiro eliminou a gente, fatídico dia do golaço anulado do Pedrinho; 2022, quando perdemos o título para o Flamengo, após uma disputa de pênaltis. Logo dá para imaginar como o coração de cada corinthiano ficou quando, em 2025, a classificação para a final da Copa do Brasil seria decidida em pênaltis.
Mas, antes da história, vale contar um pouco da trajetória.
O concurso cultural
Quinta-feira, 11 de dezembro de 2025. O patrocinador master do Corinthians realizou um concurso cultural com a seguinte pergunta: "Como você explicaria o Corinthians para alguém que nunca viu futebol?". Uma pergunta tanto quanto curiosa, te passa milhões de coisas na cabeça quando essa pergunta é feita, mas, sem expectativas e ouvindo meu coração, eu escrevi.
"Cara, o Corinthians é algo que não se explica, mas se eu precisasse explicar pra alguém que nunca viu futebol, eu não diria que o Corinthians é tudo de bom, porque nem sempre é, mas eu diria que é tudo que faz valer a pena viver e lutar por algo que, às vezes, a gente nem sabe que é tão maior que a gente, sabe? O Corinthians é alegria, ao mesmo tempo que na tristeza, a gente encontra forças pra cantar mais alto. O Corinthians é apoio incondicional, o Corinthians é loucura, o Corinthians é um estilo de vida, o Corinthians é uma religião. Não é simplesmente um time, não é simplesmente 11 jogadores dentro de 4 linhas. É razão, é fé, é acreditar, é fazer acontecer, é felicidade. Talvez não seja sempre tudo de bom, claro. Mas posso garantir que o Corinthians é TUDO. Só vivendo pra entender a grandeza do que é Corinthians e, quem vive uma vez, nunca mais quer deixar de viver".
Este foi o texto que me colocou no jogo de volta da semifinal da Copa do Brasil de 2025.
A viagem
Dois ingressos e uma viagem de mais de 400km pela frente; foi isso que eu descobri que me aguardava na sexta-feira, 12, às 18h. E como dizer não para algo que você ama? Como dizer não para algo que é o seu sonho? Pois bem. Às 18h do sábado, 13, minha aventura começou.
Foram 90 km de Franca para Ribeirão Preto de ônibus, onde eu chegaria e embarcaria para a viagem até São Paulo junto do meu tio, Egnaldo Moura. E assim nós fizemos. Às 10h do domingo, 14, estávamos na estrada, chegando lá por volta das 14h. Às 16h já estávamos dentro da Neo Química Arena e, às 18h, o jogo começaria.
O jogo
A festa que o Corinthians faz, sem dúvidas, é uma das mais bonitas do futebol. A torcida toda cantando junto, a queima de fogos, o mosaico subindo. Tudo isso antes da bola rolar. O placar agregado já marcava 1 a 0 para a gente, já que, no Mineirão, fizemos nossa parte. Junto com o apito inicial, começa a apreensão.
Confesso que no primeiro tempo, vi um Corinthians não tão efetivo. Não acertava passes importantes, perdia posses de bola essenciais. Já dizia o ditado: quem não faz, toma. Aos 40 minutos do primeiro tempo, o Cruzeiro abre o placar. Tudo igual no placar agregado. A apreensão ficou maior.
Intervalo de jogo. Mas, na cabeça do corinthiano, nada ainda está perdido. A soma dos placares nos leva aos pênaltis, e nós temos o Hugo. 'Mas eles têm o Cássio'; era esse pensamento que girava minha cabeça sempre que cogitava a possibilidade de penalidades máximas.
Recomeça a partida, bateria recarregada, fé maior do mundo, ainda mais com a entrada de dois jogadores que gosto bastante, que são Rodrigo Garro e Raniele. A esperança seguiu. E tomou um balde de água fria quando o Cruzeiro, num lance que teria sido impedimento, ampliou o placar após a consulta do VAR (Video Assistant Referee). 2 a 0 para eles. 2 a 1 no placar agregado. Não estávamos mais indo aos pênaltis. A minha cabeça só dizia que o Corinthians precisava fazer alguma coisa, e rápido!
Cinco minutos depois, o Corinthians tem uma chance na bola parada. Bola na área, confusão e sobra para o Matheus Bidu marcar. A famosa "lei do ex", já que o Bidu teve sua passagem pelo Cruzeiro.
O gol que diminuiu o placar e nos colocou na disputa de novo fez a torcida se inflamar. Era a esperança de que podíamos ganhar a frente novamente. E isso quase aconteceu. Se a bola não tivesse optado por beijar a trave duas vezes.
A disputa por pênaltis
O apito final do tempo regulamentar foi apavorante.
De um lado, tínhamos Hugo Souza; goleiro espetacular que salvou o Corinthians em diversas oportunidades, inclusive pegando o pênalti contra o Palmeiras, no início do ano, quando fomos campeões do Campeonato Paulista. Por outro lado, Cássio Ramos; ídolo corinthiano. O que esse cara tem de história no Corinthians poderia facilmente virar um filme. Defensor de pênaltis nato, peça primordial para a conquista do Mundial de 2012 do Corinthians. É ali, naquele momento, onde, como dizem, são divididos os homens dos meninos.
O Cruzeiro começou batendo e converteu sua primeira cobrança. A pressão para o alvinegro. Logo na primeira cobrança, batida de Yuri Alberto e Cássio defendeu. 'O destino seria tão sacana com os corinthianos? Ser eliminado pelas mãos do seu próprio ídolo?'; era o que eu pensava.
As cobranças se seguiram, sendo convertidas, e a cada passo que se chegava perto do quinto pênalti, meu coração acelerava mais, até que ele chegou, e quem veio para a bola pelo Cruzeiro? Gabriel Barbosa; renomado batedor de pênaltis, o maior causador da eliminação do Corinthians em 2022.
O coração já não batia mais no peito, batia na garganta. A todos os santos que se podia pedir naquele momento, eu pedi e implorei para que o Hugo Souza; que até então não tinha pego nenhum pênalti; fosse iluminado.
"Partiu Gabriel para a bola, bateu! HUGOOOOOOOO", a torcida foi ao delírio. O quarto maior público da Neo Química Arena, 47.520 pessoas, grande parte indo à loucura com a defesa.
Nada estava resolvido ainda. Para que o alívio fosse consumado, Gustavo Henrique, zagueiro corinthiano, precisava converter sua penalidade. Ele converteu, arrancando um respirar aliviado de cada corinthiano ali presente. Tudo igual na disputa. Os pênaltis alternados definiriam o finalista da Copa do Brasil 2025.
Naquele momento, não se dependia mais de técnica, de grito, de choro. Dependia de fé, dependia de história, dependia de estrela. E a estrela que brilhou foi a de Hugo Souza, que defendeu a sexta cobrança cruzeirense. O jogo virou. Estávamos na vantagem. Era só marcar e correr para o abraço.
A cobrança final
O momento pré batida decisiva é um momento à parte na história. Um momento em que parece que tudo acontece mais devagar, como se estivesse em câmera lenta. No campo, a classificação do Corinthians no pé de um menino de 20 anos, Breno Bidon, criado nas categorias de base do time. No telão, a concentração no rosto dele. Nas arquibancadas, torcedores apreensivos e ansiosos para soltar o grito de gol mais esperado do jogo.
Neste momento, eu já me desmanchava em lágrimas, meu coração já batia mais forte que tudo.
"Ah Deus, se for da sua vontade, a sua filha está pronta", pensava.
Momento registrado, celular filmando. Breno Bidon partiu para a bola e bateu. Forte, no canto oposto de Cássio. O estádio explodiu em alegria e comemoração. Um dos dias mais especiais da minha vida e um dia que comprovou o que escrevi no texto que me colocou na Neo Química Arena para este jogo. "Não é simplesmente um time, não é simplesmente 11 jogadores dentro de 4 linhas. É razão, é fé, é acreditar, é fazer acontecer, é felicidade. O Corinthians é TUDO".

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