OPINIÃO

Você conhece o sistema glinfático?


| Tempo de leitura: 3 min

Você conhece o sistema glinfático, ou seja, o mecanismo de limpeza do cérebro que influencia sua saúde e qualidade de vida? Apesar de pouco falado fora do meio científico, ele é um dos sistemas mais importantes para a saúde do cérebro e para a qualidade de vida. Descoberto há pouco mais de uma década, o sistema glinfático é responsável por realizar a limpeza do cérebro, removendo resíduos metabólicos, toxinas e proteínas que se acumulam durante o dia em função da intensa atividade neuronal.

Diferente do restante do corpo, o cérebro não possui um sistema linfático clássico. Para compensar essa ausência, ele desenvolveu um mecanismo próprio de drenagem: o sistema glinfático, que funciona por meio das células gliais, principalmente os astrócitos, que organizam canais microscópicos ao redor dos vasos sanguíneos. Por meio desses canais, circula o líquido cefalorraquidiano, responsável por transportar nutrientes e remover substâncias indesejáveis do tecido cerebral.

O funcionamento do sistema glinfático está diretamente ligado ao nosso sono, especialmente ao sono profundo. Durante esse período, ocorre uma redução da atividade elétrica cerebral e uma queda nos níveis de noradrenalina, neurotransmissor associado ao estado de alerta. Esse cenário permite um aumento do espaço entre as células nervosas, facilitando a entrada do líquido cefalorraquidiano no cérebro. Esse fluxo promove uma verdadeira “lavagem interna”, recolhendo resíduos metabólicos e conduzindo-os para fora do sistema nervoso central.

Pesquisas mostram que essa limpeza pode ser até vinte vezes mais eficiente durante o sono profundo em comparação com o estado de vigília. Por isso, noites mal dormidas não afetam apenas o cansaço do dia seguinte, entendem? A privação crônica de sono compromete a capacidade do cérebro de se limpar adequadamente, favorecendo o acúmulo de substâncias associadas à inflamação cerebral, prejuízos cognitivos e maior risco de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Ou seja, a falta de boas noites de sono podem literalmente degenerar nosso cérebro.

Além do sono, outros fatores influenciam diretamente o sistema glinfático. A hidratação adequada, por exemplo, é essencial para garantir o fluxo eficiente dos fluidos cerebrais. A prática regular de atividade física melhora a circulação sanguínea, facilitando a troca de líquidos no sistema nervoso central. Técnicas de respiração lenta e profunda, momentos de relaxamento e a redução do estresse também contribuem para um ambiente neurológico mais favorável, já que o excesso de estímulos mantém o cérebro em constante estado de alerta, dificultando os processos de limpeza. Portanto, técnicas meditativas e respiratórias são técnicas que contribuem para a saúde de nosso cérebro e para prevenir a neurodegeneração.

O envelhecimento natural reduz a eficiência do sistema glinfático, o que torna  ainda mais importante a adoção de hábitos saudáveis ao longo de nossas vidas. Cuidar do sono, manter uma rotina ativa, respeitar os ritmos biológicos e investir em momentos de pausa não são apenas escolhas de bem-estar, mas estratégias reais de proteção cerebral. Pode parecer repetitivo escrever sempre essas dicas de saúde para vocês, mas acreditem, elas são o que há de melhor em termos de longevidade e prevenção de doenças. Realmente valem a pena!

Compreender o que é o sistema glinfático muda a forma como enxergamos o nosso  descanso. Dormir bem deixa de ser visto como perda de tempo e passa a ser entendido como uma necessidade biológica fundamental para termos saúde. É durante o sono que o cérebro se organiza, se limpa e se prepara para funcionar melhor no dia seguinte. Proteger esse mecanismo silencioso é investir em clareza mental, equilíbrio emocional e qualidade de vida a longo prazo. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é especialista em coluna e treinamento corretivo, pioneira do método ELDOA no Brasil

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