DRAMA

Franca: transferência incerta aumenta risco para idoso internado

Por Leonardo de Oliveira | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/WhatsApp/GCN
Arlindo Teodoro de Souza
Arlindo Teodoro de Souza

Internado desde 5 de outubro na Santa Casa de Franca após cair do telhado enquanto tentava consertar o vazamento da caixa d’água, o idoso Arlindo Teodoro de Souza, 74 anos, enfrenta uma longa espera por transferência para uma unidade de longa permanência ou clínica de reabilitação. O quadro clínico é considerado grave, e a equipe médica afirma que ele não possui condições de retornar para casa devido ao nível de dependência e risco de novas infecções.

Arlindo fraturou três vértebras e sofreu compressão da medula. Após passar por cirurgia para colocação de pinos e parafusos, ele perdeu os movimentos dos pés, não consegue sentar-se sozinho, usa sonda urinária, fraldas e necessita de cuidados contínuos. O relatório médico anexado ao processo judicial alerta para o “risco real, atual e progressivo” de novas infecções caso ele permaneça internado em ambiente hospitalar comum — o idoso já apresentou colonização por bactéria multirresistente durante a internação prolongada.

A família relata que não tem condições de recebê-lo em casa. Arlindo é aposentado com R$ 2.017, mora sozinho e tem dois filhos: um cadeirante e outro com renda baixa, que vive com mulher e dois filhos pequenos na casa da sogra. A própria Santa Casa, segundo o processo, informou que não pode oferecer o tipo de cuidado necessário e que a transferência é a única alternativa adequada.

Diante da demora, a família ingressou na Justiça. Em despacho do dia 2 de dezembro, o juiz determinou que a Secretaria Municipal de Saúde e a Secretaria de Ação Social prestem informações sobre o atendimento ao idoso, esclareçam se há acompanhamento do caso e apontem quais serviços seriam adequados para suprir suas necessidades. O prazo inicial de 10 dias foi estabelecido, mas posteriormente prorrogado para fevereiro, segundo comunicado recebido pela família, que contesta a alteração por considerar que o estado de saúde de Arlindo exige urgência.

Na petição, o advogado do idoso afirma que o risco de dano irreversível é “absolutamente claro”, destacando que cada dia de permanência no hospital aumenta a probabilidade de infecções graves, lesões por pressão e complicações potencialmente fatais.

A defesa pede que Estado e Município providenciem a transferência imediata — em até 24 horas — para vaga pública ou conveniada. Caso não haja disponibilidade, requer que o poder público custeie uma instituição privada adequada.

“Meu pai precisa de cuidados constantes, de reabilitação urgente e de atenção 24 horas por dia, como está no próprio laudo médico. A sensação é de impotência, porque não sabemos mais o que fazer. É muito triste ver uma pessoa que sempre fez o bem, que sempre pagou seus impostos, e agora, quando precisa do governo ou da Prefeitura, não consegue o suporte necessário. Se eu largar meu trabalho para cuidar dele o tempo todo, quem vai sustentar minha família? A situação é muito difícil”, afirmou o filho, Samuel Modesto de Souza.

O que diz a Secretaria de Saúde?

Em nota, a Secretaria de Ação Social informou que mantém contato com a família e que, conforme relatório encaminhado pela Santa Casa, o idoso aguarda regulação de vaga pelo DRS VIII para uma Unidade de Cuidados Prolongados (UCP), onde deverá receber reabilitação e suporte especializado. A pasta acrescenta que, após a alta da UCP, uma nova avaliação será realizada para definir o encaminhamento adequado dentro da rede do SUAS.

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