O ator sueco Björn Andrésen, eternizado como o jovem Tadzio em Morte em Veneza (1971), morreu aos 70 anos. A informação foi confirmada pelos cineastas Kristian Petri e Kristina Lindström, responsáveis pelo documentário The Most Beautiful Boy in the World (O Garoto Mais Bonito do Mundo), que revisitou sua vida e as marcas deixadas pelo sucesso precoce. As informações são do The Guardian.
Leia mais: Ator consagrado, Robert Redford morre aos 89 anos
Com 15 anos, Andrésen foi escolhido pelo diretor italiano Luchino Visconti para viver o adolescente de beleza angelical que desperta a obsessão de um artista em crise, papel de Dirk Bogarde, na adaptação da obra de Thomas Mann. As filmagens, realizadas em Veneza, transformaram o garoto sueco num ícone instantâneo da cultura visual europeia.
Visconti o apelidou de “o garoto mais bonito do mundo”, rótulo que o acompanhou por toda a vida e que ele jamais conseguiu aceitar naturalmente. Décadas depois, Andrésen revelou que o trabalho em Morte em Veneza o deixou emocionalmente abalado. “Senti-me como um animal exótico em uma jaula”, contou ao The Guardian.
O ator se tornou símbolo de um tipo de beleza melancólica que atravessou fronteiras e influenciou a estética de artistas e cineastas, especialmente no Japão, onde Morte em Veneza virou fenômeno. Lá, Andrésen virou cantor pop, modelo e ídolo de multidões, com fãs o esperando em aeroportos e shoppings como se fosse um Beatle.
Sua aparência inspirou personagens andróginos e etéreos em animes e mangás. Entre eles, Ash Lynx, protagonista do cultuado Banana Fish, de Akimi Yoshida, e Howl, do clássico O Castelo Animado (Howl’s Moving Castle), de Diana Wynne Jones, adaptado para o cinema por Hayao Miyazaki no Studio Ghibli. Ambos compartilham traços marcantes: a beleza frágil, o olhar triste e o mistério — características que definiram Andrésen na juventude.
Apesar da fama, sua vida pessoal foi turbulenta. Depois da morte da mãe, quando tinha 10 anos, foi criado pela avó, que o incentivou a seguir na carreira artística. Casou-se com a poeta Suzanna Roman, com quem teve dois filhos: Robine e Elvin, que morreu aos nove meses vítima de morte súbita infantil.
Mesmo após décadas afastado dos holofotes, Andrésen voltou ao cinema em 2019, em Midsommar, de Ari Aster, interpretando um idoso que se sacrifica num ritual pagão. O ator brincava dizendo que “morrer num filme de terror é o sonho de todo garoto”.
Figura trágica e fascinante, Björn Andrésen ficou para sempre ligado à imagem de Tadzio, o menino que caminhava pelas praias de Veneza, iluminado pelo sol e condenado pela beleza que o mundo nunca o deixou esquecer.
Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.