PRESIDÊNCIA

Fransérgio e Tidy disputam a Câmara; Bassi observa e calcula

Por Pedro Baccelli | Editor do portal GCN/Sampi
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/Câmara Municipal de Franca
Da esquerda para a direita: Fransérgio Garcia, Marcelo Tidy e Daniel Bassi
Da esquerda para a direita: Fransérgio Garcia, Marcelo Tidy e Daniel Bassi

A disputa pela presidência da Câmara Municipal de Franca começou a tomar forma. A pouco mais de 40 dias da eleição, marcada para 4 de dezembro, Fransérgio Garcia (PL) e Marcelo Tidy (MDB) confirmaram ao GCN/Sampi que concorrem ao comando do Legislativo em 2026.

Nos bastidores, o atual presidente Daniel Bassi (PSD) não descarta permanecer no cargo - desde que o colega emedebista desista da candidatura.

A disputa ainda é discreta à luz do público, mas os “cafezinhos” no plenário e nas antessalas da Casa se tornaram diários. Conversas, sondagens e promessas já dão o tom de uma eleição que promete ser mais de articulação do que de embate aberto.

Acordo antigo define o tabuleiro atual

Fransérgio e Tidy mantêm, em público, o mesmo tom conciliador: trocas de elogios, ausência de ataques e "reconhecimento" ao trabalho da atual Mesa. Nos bastidores, porém, o clima esquenta — e o foco está na contagem de votos.

“Já tenho conversado com alguns vereadores, trazendo alguns apoios. Pessoas também que acreditam no nosso projeto para o ano que vem, para que a gente possa fazer uma boa gestão na presidência”, disse Fransérgio.

Tidy também confirmou suas costuras. “Eu tenho conversado com alguns colegas. Já tenho o apoio de alguns parlamentares que assumiram o compromisso de votar na minha candidatura.”

O acordo que hoje divide os grupos foi costurado ainda em 2024. À época, Tidy abriu mão de disputar a presidência em troca do apoio à eleição de Daniel Bassi, em um pacto que previa o revezamento do comando da Casa.

Desde então, Bassi promoveu uma série de mudanças administrativas que tornaram a Câmara mais “robusta”: criou o cargo de 2º assessor pessoal (gerando 15 novas contratações), implantou cartão-alimentação para vereadores, ampliou a frota de veículos oficiais, autorizou o uso dos carros também por comissionados e expandiu a TV Câmara.

A estratégia deu certo. Se desagradou a população, encantou seus pares. Bassi foi eleito por unanimidade, e Tidy ficou com a promessa de sucedê-lo. O presidente reconhece que o acerto limita sua própria reeleição.

"Nós temos, sim, a intenção, a vontade, mas também temos compromissos que nos conduziram à presidência da Câmara. Esses compromissos vêm antes dessa vontade de reeleição", afirmou ao GCN.

Mesmo assim, Bassi tenta convencer o emedebista de que teria mais chances de vencer Fransérgio Garcia — argumento sem sucesso até o momento.

Votos, indecisos e cálculos finais

O cenário é incerto e muda a cada conversa. Tidy afirma já contar com seis votos, precisando de mais dois para alcançar a maioria entre os 15 parlamentares. Oficialmente, Daniel Bassi, Donizete da Farmácia (MDB) e Zezinho Cabeleireiro (PSD) declararam apoio a ele, somando-se ao próprio voto.

Fransérgio, por sua vez, tem o apoio declarado de Marco Garcia (PP), Leandro O Patriota (PL) e Walker Bombeiro da Libras (PL), além do seu. Patriota chegou a anunciar candidatura própria, mas, no último dia 20, declarou apoio a Fransérgio nas redes sociais.

Se o recorte ideológico pesar, Tidy pode conquistar os votos de Gilson Pelizaro (PT) e Marília Martins (PSOL), frequentemente em confronto com a bancada conservadora do PL. Ambos, contudo, afirmaram ao GCN que ainda não definiram a posição.

Outros nomes seguem indecisos: Claudinei da Rocha (MDB), Kaká (Republicanos), Andréa Silva (Republicanos) e Lindsay Cardoso (PP) não anunciaram seus apoios à reportagem.

A principal incógnita é Carlinho Petrópolis (PL), ex-presidente da Casa em 2023. Embora pertença ao mesmo partido de Fransérgio e integre a base do prefeito, ele não descarta concorrer novamente. “Eu não descartei a minha candidatura ainda. Eleição de Câmara é sempre decidida na última semana ou, até mesmo, no dia da eleição (...) estamos conversando com alguns vereadores e não descartamos a possibilidade”, disse.

Apesar de compartilhar a sigla do prefeito Alexandre Ferreira (MDB), Tidy teme interferência do Executivo. Caso o prefeito sinalize apoio explícito a um dos nomes, a base pode seguir a orientação e definir o resultado.

"Só espero que o Executivo não interfira no que diz respeito ao Legislativo. A gente sabe que tem alguns colegas que têm uma tendência de seguir uma orientação do Executivo, e se fosse para pedir ao Executivo, eu pediria para mim também, porque fui um vereador parceiro do prefeito", afirmou. Segundo ele, a Prefeitura tem se mantido "neutra" até o momento.

Entre compromissos, articulações e promessas de reciprocidade, a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara Municipal de Franca segue em aberto.

Fransérgio Garcia, Marcelo Tidy, Daniel Bassi — e talvez Carlinho Petrópolis — compõem o tabuleiro de um jogo em que cada movimento conta.

Até 4 de dezembro, os bastidores do Legislativo prometem continuar fervendo — com cafezinhos cada vez mais estratégicos.

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