VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

'Achei que fosse morrer', disse Cíntia Chagas em Franca

Por Giovanna Attili | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca
Giovanna Attili/GCN
Influenciadora e professora Cíntia Chagas durante palestra em Franca
Influenciadora e professora Cíntia Chagas durante palestra em Franca

O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) pediu, nessa quinta-feira, 23, a prisão preventiva do deputado estadual Lucas Bove (PL) após o descumprimento de medidas protetivas contra a ex-mulher. Ele foi denunciado por violência psicológica, perseguição, ameaça e lesão corporal pela influenciadora e professora Cíntia Chagas.

A influenciadora, que tem 7,6 milhões de seguidores no Instagram, foi casada com o deputado entre maio e agosto de 2024. Cíntia esteve em Franca em agosto deste ano e falou sobre a violência que sofreu.

Durante a palestra no 11º Fórum da Mulher Empreendedora do CME (Conselho da Mulher Empreendedora), Cíntia abriu espaço para perguntas e foi questionada sobre a violência doméstica. Uma participante quis saber como profissionais que lidam com esse tipo de situação podem usar técnicas de oratória para facilitar a compreensão dos casos.

“O tempo vai moldar a sua alma para que você dê conta. As atrocidades que as mulheres vivem são tão cruéis, são tão diversas, só o tempo fará com que você aceite isso melhor. O tempo vai calejar a sua alma”, respondeu Cíntia na ocasião.

A influenciadora detalhou como o agressor age em casos de violência doméstica. “A lição que aprendi foi: o agressor não tem cara de agressor, não dá recado, não diz que vai fazer. Pelo contrário, o agressor tem feições de príncipe, é sempre muito simpático, muito educado, convincente e manipulador. Faz com que você, vítima, acredite piamente que a culpa é sua”.

“Não começa com soco, começa com roupa que ele não aprova, com soco na parede, na porta, para ‘não meter a mão em você’. Os xingamentos e as perseguições quando você faz o que ele não aprova. Essa agressão, infelizmente, foi normalizada por muitas de nós”, completou.

A mulher também refletiu sobre a importância da discussão de pautas feministas que, muitas vezes, não recebem tanta atenção das mulheres que tendem suas opiniões políticas para a direita.

“Nós, por julgarmos mal as feministas, não falamos sobre esse tema, por isso elas estão anos luz à nossa frente. As mulheres de direita apanham mais que as de esquerda. Nós (de direita) não conversamos sobre esse assunto”, afirmou.

Cíntia ressaltou que a defesa de políticas voltadas às mulheres deve vir antes das ideologias. “Atrelar o feminismo a axila sem depilar, achar que o feminismo é só isso é uma burrice enorme. A pauta de defesa da mulher tem que estar acima de lado político. Se eu tivesse as informações que tenho hoje, não teria passado pelo que passei. Eu achei que fosse morrer”, concluiu.

Entenda o caso

Cíntia Chagas acusou o deputado estadual Lucas Bove, seu ex-marido, de agressões físicas, psicológicas e ameaças durante o relacionamento, em boletim de ocorrência registrado em setembro de 2024. Um dos episódios mais graves teria acontecido em agosto daquele ano, durante um casamento em Ribeirão Preto, quando Bove, irritado após Cíntia se recusar a tirar uma foto com Jair e Michelle Bolsonaro, teria atirado uma faca contra ela.

Após a separação, a influenciadora obteve medida protetiva que proibia o deputado de se aproximar, manter contato ou mencioná-la publicamente. Mesmo com as restrições, ele teria descumprido as determinações judiciais diversas vezes, inclusive fazendo menções sobre o processo e envolvendo políticos bolsonaristas.

Durante o relacionamento, Cíntia relatou ter sofrido diferentes formas de violência, incluindo humilhações públicas, perseguições, ameaças de morte e controle sobre suas atividades e relacionamentos pessoais. As agressões teriam causado danos psicológicos significativos, levando a influenciadora a buscar tratamento médico, utilizar antidepressivos e adotar medidas de proteção pessoal, como veículo blindado, por medo da reação do ex-marido.

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Comentários

1 Comentários

  • Mauro Filho 25/10/2025
    Ué??? Mas a cidade de Franca não gosta dos políticos do lema fascista Deus, Pátria e Família, dos religiosos que defendem a submissão da mulher?????