A chegada das primeiras chuvas no final de setembro e início de outubro trouxe um espetáculo que reacendeu a esperança dos cafeicultores da Alta Mogiana: uma florada intensa e generalizada nas lavouras de café. Após um período prolongado de estiagem, a umidade devolveu vigor às plantas e estimulou um florescimento mais forte do que no ciclo anterior.
“De forma geral, tivemos uma boa florada, bastante intensa. As lavouras vinham melhores do que em 2024, com vigor mais forte e maior quantidade de flores”, destacou o cafeicultor e influenciador do agro Rafael Stefani, ressaltando que o momento agora é de cautela e atenção ao clima.
A expectativa positiva se repete entre produtores e técnicos da região. O agrônomo e diretor comercial do Café Labareda, Gabriel Lancha Oliveira, avalia que o cenário atual é promissor, mas requer atenção especial nos próximos meses. “A florada do ano passado foi intensa, mas o clima atrapalhou. Tivemos mais de seis meses de seca e temperaturas muito elevadas, o que levou a um abortamento dos frutos e à quebra de safra. Este ano tivemos duas floradas fortes, o que indica boa produtividade. No entanto, floradas múltiplas geram frutos em estágios diferentes, o que pode comprometer a uniformidade e a qualidade da colheita”, explica.
Clima será fator determinante
Segundo Oliveira, para garantir o "pegamento" da florada e o bom desenvolvimento dos frutos, as condições climáticas precisam ser favoráveis nas próximas semanas. “Precisamos de chuvas regulares com acúmulo acima de 40 milímetros e temperaturas amenas. Esse equilíbrio entre umidade e calor moderado é essencial”, afirma.
Ele reforça que uma florada intensa não garante uma safra farta, já que fatores como estiagem ou calor excessivo entre novembro e janeiro - período de enchimento dos grãos - podem comprometer a produtividade. “Temperaturas muito altas queimam as folhas, prejudicam a fotossíntese e levam à queda prematura dos frutos”, alerta.
Stefani reforça a preocupação com a chuva e o calor. “Agora, o que resta esperar é para entender se essa florada vai vingar. E isso tudo depende também de uma série de fatores, principalmente se essas chuvas vão continuar e também a temperatura. A gente sabe que altas temperaturas também podem ocasionar o abortamento das flores”.
Atenção redobrada ao manejo
Além do clima, o manejo das lavouras também tem papel crucial no desempenho da safra. Gabriel Lancha Oliveira destaca que estratégias bem definidas desde o preparo do solo até o controle fitossanitário fazem toda a diferença. “A água é o fator mais importante. Irrigação e chuvas são vitais. Depois vem a nutrição equilibrada e o controle de plantas competidoras, como cipós. É um conjunto de práticas que define o potencial produtivo da safra”, explica.
Rafael Stefani lembra que pragas e doenças também exigem atenção especial nesse período de pré e pós-florada. A perda de folhas, por exemplo, pode comprometer a fotossíntese e a sustentação dos frutos, impactando diretamente na produção final.
"O produtor precisa estar atento e fazer as pulverizações necessárias para que a gente consiga, de fato, amenizar os danos causados pelas doenças que podem também causar o abortamento dessa florada e, consequentemente, diminuir o potencial produtivo das lavouras para 2026”, disse o cafeicultor.
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