O sofrimento da família de Dalila Cristina Evangelista Andrade, de 39 anos, ganhou contornos ainda mais dramáticos após a internação na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Aeroporto, em Franca. A paciente aguardava uma vaga para transferência para um hospital da rede pública, quando uma confusão na unidade, no dia 21 deste mês, terminou com a sobrinha dela, Bruna Gabriela, detida e levada à delegacia.

Ainda no mesmo dia, a família conseguiu uma vaga em Ituverava, para onde Dalila foi levada de ambulância, acompanhada pelo marido, Lenilson Serra Andrade, pedreiro que precisou abandonar o trabalho para não deixá-la sozinha. O diagnóstico foi devastador: câncer nos ovários e intestino, já avançado para o pulmão.

O marido descreve, com a voz embargada, o desespero de vê-la sofrer sem conseguir aliviar as dores. “Nunca pensei que fosse acontecer uma coisa dessas com minha preta. Ela me pede socorro e eu não consigo fazer nada. Passo a noite inteira virando ela de um lado para o outro, e ela gritando de dor na perna. A morfina não faz mais efeito. Corta meu coração ver ela assim, pedindo ajuda. Estou vendo a minha pretinha morrer e não consigo fazer nada”.

Na manhã dessa quarta-feira, 27, sem respostas da Secretaria Estadual de Saúde, a família buscou apoio na Câmara Municipal. Como não conseguiram ser atendidos, seguiram para Ituverava, onde tentam agilizar o encaminhamento.

Segundo a irmã de Dalila, Joemi Aparecida Evangelista, a paciente já possui o pedido médico para ser transferida ao Hospital do Câncer, em Franca, mas o tempo é inimigo. “O câncer é maligno e está em fase avançada. Estamos desesperados, precisamos de urgência.”

Até o fechamento desta matéria, não houve retorno oficial da Secretaria da Saúde sobre a previsão da transferência.