FELIZ ANIVERSÁRIO

Aos 102 anos, francano celebra vida e um casamento de 74 anos

Por Hevertom Talles | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
GCN
Alaor de Souza e dona Terezinha Gomes de Souza
Alaor de Souza e dona Terezinha Gomes de Souza

Alaor de Souza, morador da Vila Nicácio, em Franca, completa neste sábado, 23 de agosto, 102 anos de vida. Ao lado da mulher, dona Terezinha Gomes de Souza, de 94 anos, ele celebra também os 74 anos de casamento, refletindo sobre uma trajetória marcada por família, memórias e mudanças ao longo de um século

Natural de Ibiraci (MG), Alaor carrega na memória a infância simples, marcada pelo trabalho no campo e pelas primeiras responsabilidades que chegaram cedo. Filho mais velho de oito irmãos, viu o pai — professor, falecer com 52 anos. Ainda menino precisou assumir o papel de “pai” dentro de casa. Foi ele quem ensinou os irmãos a ler e a escrever, à noite, depois das longas jornadas de trabalho na lavoura.

“Eu era menino também, mas disse para minha mãe: pode deixar, que eu ensino eles. E ensinei”, conta.

Autodidata, Alaor aprendeu a ler e a escrever praticamente sozinho, mas sempre gostou de registrar em versos e cartas as emoções da vida. Ainda jovem, encantou-se pela música e aprendeu a tocar vários instrumentos sem nunca ter tido professor: violão, violino, cavaquinho e bandolim. Com amigos, ele se reunia para tocar e passar o tempo. “A alegria era estar com os companheiros, tocando. Até hoje, quando escuto certas músicas, parece que eles estão aqui comigo”, recorda, emocionado.

Uma história de amor digna de novela

Mas é na vida amorosa que Alaor guarda um dos capítulos mais surpreendentes de sua trajetória. Ele conheceu dona Terezinha ainda jovem, quando ela tinha 10 anos em Ibiraci. Os dois chegaram a namorar, mas a distância os separou. Depois se reencontraram quando Alaor já tinha seus 29 anos e se casaram. Estão juntos há 74 anos.

Uma vida de simplicidade e gratidão

Aos 32 anos, Alaor e Terezinha se mudaram para Franca, onde fixaram raízes na Vila Nicácio. Tiveram cinco filhos, que cresceram e trouxeram 12 netos e 16 bisnetos. A casa do casal se transformou em ponto de encontro da família, onde memórias, músicas e histórias se misturam às gargalhadas das novas gerações.

Alaor gosta de lembrar da Franca de outros tempos, especialmente do trem da Alta Mogiana, que passava pela cidade.

“Tinha o trem de ferro, apitava aqui. Era o trem mais bonito. Por três mirréis, a gente ia pescar em Rifaina e voltava. Também ia assistir jogo em Ribeirão Preto: pegava o trem, comia um pastel e voltava no mesmo dia. Era bom demais.”

Torcedor apaixonado da Francana, ele nunca deixou de acompanhar o time. Confessa que já passou noites sem jantar de tanta raiva quando a equipe perdia. “Francana é o único time que eu gosto. Passei raiva a vida inteira com ela, mas é meu time.”

Alaor trabalhou na roça, foi dono de uma lenhadora, administrador de fazenda,  e também trabalhou com transporte de mudas de café, grama e adubo.

Orgulho, legado e gratidão

Mesmo chegando aos 102 anos, Alaor tem orgulho de ter ficado internado em um hospital apenas duas vez ao longo de uma vida toda. Logo após completar 100 anos, ele enfrentou um quadro de Covid, infecção de urina e depois começo de infarto e precisou buscar antendimento médico, sendo hospitalizado. Ele se recuperou após esse 'susto' na família.

Segundo a filha, Tânea Scott, o pai reconhece e agradece em primeiro lugar a Deus pela dádiva da vida e a todos os profissionais da saúde que o ajudaram e continuam ao seu lado após esses momentos em que a sáude ficou mais debilitada. "Em especial a Dra. Ana Maria Bruxelas, que sempre o incentiva a continuar, com qualidade de vida, sua história tão bonita", diz.

Dona Terezinha, que completará 95 anos em dezembro, resume a vida do casal com simplicidade: “Fui dona de casa, cuidava das crianças, brigamos de vez em quando, como todo casal, mas vivemos bem".

O casal se orgulha também da formação da família. Muitos dos filhos e netos seguiram carreira nos estudos, algo que Alaor sempre desejou para si, mas que não pôde realizar. “Eu queria ser doutor, professor, mas Deus me deu filhos e netos que são tudo isso. Aí, eu digo: não precisei ser, porque eles se tornaram.”

Hoje, olhando para trás, ele resume com a serenidade de quem soube viver cada capítulo com intensidade: “minha vida foi simples, pobre, mas muito boa. Deus me deu alegria, a música, amigos e uma família maravilhosa. "Só tenho a agradecer."

Dra Ana Maria Bruxelas e o casal que estão juntos há 74 anos
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O casal e a cuidadora que ajuda eles diariamente
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Alaor
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