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Tempo para debate gera confusão na Câmara: 'Não precisa gritar'

Por Pedro Baccelli | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca
Divulgação/Câmara Municipal de Franca
Da esquerda para a direita: os vereadores Gilson Pelizaro, Daniel Bassi e Marcelo Tidy, respectivamente
Da esquerda para a direita: os vereadores Gilson Pelizaro, Daniel Bassi e Marcelo Tidy, respectivamente

“Temos todo o tempo do mundo”. Ao contrário do que a banda Legião Urbana cantava em “Tempo Perdido” (1986), a Câmara Municipal de Franca parece correr contra o tempo - caso contrário, gera discussão.

Na sessão ordinária desta terça-feira, 19, três vereadores protagonizaram um debate sobre a escassez de tempo para discutir a questão dos moradores de rua - um tema levado por um munícipe durante a Tribuna Livre.

Enquanto Gilson Pelizaro (PT) defendia a importância do tema, argumentando que no passado já houve exceções para debates, Marcelo Tidy (MDB) insistia na necessidade de seguir o regimento da Casa, e o presidente Daniel Bassi (PSD) teve de interromper os trabalhos após a discussão esquentar no plenário.

O embate começou quando o munícipe Jorge Martins abordou o impacto dos moradores de rua na cidade, especialmente nas regiões da Vila Formosa e Vila Gosuen, onde ficam o Centro Pop e o Abrigo Provisório. Ele também pediu o apoio dos vereadores para cobrar explicações e propostas do prefeito Alexandre Ferreira (MDB) sobre como resolver esse problema.

Como Jorge usou os dez minutos que tinha na Tribuna, não sobrou tempo para os vereadores comentarem o tema. Daniel Bassi então deu 30 segundos para Walker Bombeiro da Libras (PL) se manifestar, mas avisou que não permitiria mais intervenções devido ao “tempo contado”. Ainda restavam sete parlamentares para discursar, e a sessão precisava terminar até o meio-dia.

Pelizaro fez um pedido de ordem e argumentou que, devido à importância do tema, uma exceção deveria ser feita. “O tema que o Jorginho traz aqui é tão importante. E ele, com o direito que é estabelecido através da lei orgânica do município, usar os dez minutos de tempo para o tema que ele trouxer da sociedade civil na tribuna, e os vereadores depois não puderem debater, fica complicado”.

Bassi contra-argumentou e explicou o motivo de não permitir outras interferências. “Já existe o regramento. Não estou desmerecendo – você está colocando palavras na minha boca – até parabenizo o Jorge pelo assunto e oratória. Mas aqui precisamos ter regras.”

Marcelo Tidy reforçou a fala de Bassi e complementou que não pode haver “dois pesos e duas medidas”. “Pela relevância do tema, nós temos sim que fazer audiências públicas, mas a regra tem que valer, viu, vereador Gilson. O senhor é um vereador experiente, mas não podemos dar tratativas diferentes para um e para outro”.

Pelizaro rebateu: “A partir de hoje assim?”. Daí, a discussão se acalorou. “Desculpe Gilson, mas muitas vezes as regras aqui fugiram. Sempre bati que tinha que cumprir o regimento e nós não estamos cumprindo”, disse Tidy, gritando.

O petista pediu que o colega parasse de gritar e novamente questionou: “Opa, não precisa gritar, excelência. A partir de hoje? (...) Hoje é que está mudando a regra – em um assunto sobre moradores de rua. Se fosse para tratar alguma coisa da elite, talvez o tempo fosse prorrogado”.

Tidy, novamente, rebateu o companheiro de Câmara. “Gilson, aqui não tem tratamento de elite, não. Não tenho tratativa de elite com ninguém, não. Desculpe-me.” Pelizaro finalizou que não citou o vereador nominalmente.

Bassi interveio na discussão, agradeceu a Jorge e pediu que chamasse o primeiro vereador inscrito para usar a tribuna. Gilson, então, solicitou o tempo de líder do Partido dos Trabalhadores – que não foi acatado. Logo depois, Bassi suspendeu a sessão, às 10h04, por cinco minutos.

Apesar da justificativa da falta de tempo, os cinco minutos se transformaram em 17, e a sessão só foi retomada às 10h21, para o uso da tribuna pelos vereadores.

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