O ciclista Antônio Carlos Rodrigues, de 63 anos, conhecia cada canto de Bauru como poucos. A trabalho, o morador do Parque Viaduto percorreu toda a cidade com sua inseparável bicicleta. Sua trajetória, no entanto, foi interrompida na manhã desta segunda-feira (18), quando foi atingido por um Fox prata na quadra 10 da Avenida Nações Unidas, na altura do Senac, no Centro. O óbito foi constatado no local.
Ele, que amava pedalar e era muito experiente sob duas rodas, estava sozinho na bicicleta quando foi colhido, destaca a família. Um pedestre também ficou ferido e foi socorrido ao Pronto-Socorro Central (PSC). Inicialmente, no local dos fatos, havia a informação de que a segunda vítima era um garupa do ciclista, o que foi posteriormente descartado por familiares.
Até mesmo o Boletim de Ocorrência (BO) sobre o caso, registrado como homicídio culposo na direção de veículo automotor, não deixa claro se o outro homem estava junto com Antônio Carlos, que sofreu múltiplas fraturas.O modelo da bicicleta não permite transporte de garupa, afirma a filha mais velha, Cristina.
A família soube sobre o acidente ao reconhecer a bicicleta em uma foto publicada no JCNET. A despedida a Antônio Carlos Rodrigues ocorreu no Centro Velatório Municipal do Cemitério da Saudade. Já o sepultamento foi realizado no Cemitério Jardim Redentor, na manhã desta terça-feira (19).
O ciclista deixa os filhos Cristina, Wilian e Maick; os netos Giovana e Rafael; além das noras Júlia e Stefany, e do genro José Soares. A ex-esposa, Aparecida, também esteve presente.
VERSÃO
As informações que constam no BO, também registrado como lesão corporal, foram contestadas pela família do ciclista. Parentes aguardam esclarecimentos por parte da Polícia Civil, uma vez que consta no documento exclusivamente a versão do motorista do Fox.
Segundo o histórico do boletim, Antônio teria feito uma conversão proibida. Imagens de câmeras de segurança, inclusive, estão sendo analisadas.
O caso reacende a discussão sobre a necessidade de investimentos em mobilidade urbana no Centro, principalmente em ciclofaixas. O trecho do acidente é um dos que apresentam maior fluxo de veículos no início da manhã, conforme já constatado pelo JCNET em diversas reportagens anteriores.
Antônio Carlos Rodrigues utilizava exclusivamente a bicicleta como meio de transporte. A reportagem acionou a Secretaria de Planejamento da Prefeitura de Bauru para saber se há projetos de novas ciclofaixas e aguarda resposta.
TRABALHADOR
“Ele aprendeu sozinho várias profissões e nunca deixou de trabalhar. Mesmo não tendo carro, sempre usou a bicicleta como meio de transporte. Era por isso que nunca ficava doente. Nunca vi meu pai internado. Tinha ótima saúde e era muito forte e alegre”, relata Cristina.
A filha também lembra que a casa onde cresceu com os irmãos foi construída pelo genitor. Destaca ainda que ele trabalhou muitos anos na Sambra, em serviço pesado de carga e descarga de sacas de café, soja e outros produtos. Trabalhou também na extinta Camargo Corrêa e, mais recentemente, como autônomo.
“Não dá para saber para onde ele estava indo na hora do atropelamento, mas sabíamos que, de manhã, ele frequentemente ia até o Ceasa buscar verduras. Era uma rotina dele. Agora o que fica é a saudade”, finaliza a primogênita.
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