Aos 18 anos, Eduardo Righetto está contando os dias para iniciar uma nova e transformadora fase de sua vida. Recém-formado no Ensino Médio pelo Sesi de Franca, instituição onde estudou desde o primeiro ano do ensino fundamental, o jovem se prepara para embarcar rumo à prestigiosa Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, para cursar Ciências da Computação. A conquista foi possível graças ao projeto "Passaporte para o Futuro", uma iniciativa do Sesi que oferece uma bolsa de estudos integral para alunos da rede em uma das 200 melhores universidades do mundo.
A jornada de Eduardo no Sesi foi fundamental para essa conquista. "O Sesi foi essencial para o meu desenvolvimento acadêmico, especialmente por oferecer diversas oportunidades extracurriculares que contribuíram muito quando me candidatei às universidades americanas", relata. Dentre essas atividades, ele destaca a robótica, da qual participou por três anos, chegando a competir na etapa mundial.
Quando o projeto Passaporte para o Futuro foi lançado em 2023, a notícia foi recebida com incredulidade. "Quando eu e meus professores soubemos da existência dele, custei a acreditar — parecia algo surreal. A bolsa cobre todos os custos, algo que existe em poucos ou nenhum lugar do mundo", relembra Eduardo. Determinado, ele começou a estudar o caminho percorrido pela primeira turma de bolsistas para, em 2024, estar mais preparado para a sua vez.
O sonho de estudar no exterior, antes visto como algo distante devido aos altos custos, tornou-se uma possibilidade real. "Quando descobri que essa oportunidade existia e que meu perfil de estudante se encaixava nos requisitos, foi como se finalmente tivesse a chance real de correr atrás do meu sonho. A partir daí, a vontade só aumentou", afirma.
Uma semana de superação e persistência
O maior desafio de Eduardo foi a conciliação de dois eventos cruciais que ocorreram simultaneamente: o processo seletivo da bolsa, que durou cerca de uma semana, e uma viagem para a Holanda com sua equipe de robótica. A pressão para finalizar o robô para a competição já era imensa, mas ele precisou administrar seu tempo para cumprir todas as etapas da seleção.
Uma das experiências mais marcantes foi a gravação do vídeo de apresentação. "Fiz 430 tentativas, começando às 6 da tarde e terminando às 5 da manhã, sem conseguir um resultado que me agradasse", conta. Com o ônibus para a competição partindo às 6h, ele dormiu apenas meia hora, foi para a escola e, de forma improvisada, gravou o vídeo definitivo. "Posicionei meu celular em cima de uma lata de lixo no pátio e gravei falando com o coração. E deu certo."
O processo seletivo foi rigoroso. A primeira fase incluiu testes de inglês e lógica, uma redação sobre sua história de vida, o vídeo de apresentação e a comprovação de atividades extracurriculares e premiações. A segunda fase consistiu em uma entrevista totalmente em inglês, abordando suas metas, interesses e experiências.
Nessa jornada, o apoio de sua rede foi indispensável. "Contei muito com o apoio dos meus professores, gestores escolares e familiares, que dedicaram boa parte do tempo livre deles para me ajudar, tanto de forma prática quanto com apoio emocional. Sou infinitamente grato a todos eles", declara.
Preparativos, expectativas e o futuro no Brasil
A escolha pela Universidade de Wisconsin-Madison foi fruto de muita pesquisa. Além do excelente posicionamento em rankings globais, a instituição é referência na área de Ciências da Computação. "Também me apaixonei pela cidade, que é linda, e pelas pessoas do campus, conhecidas por serem muito receptivas", explica.
Agora, na contagem regressiva para a viagem, Eduardo se prepara para os desafios. Além do ritmo acadêmico diferente, baseado em créditos, será sua primeira vez morando longe de casa, em um país com cultura e idioma distintos, e um frio extremo. Para se adaptar, ele retomou as aulas de conversação em inglês e, junto com colegas brasileiros que também irão para lá, já preparou uma lista de compras de roupas de inverno.
A saudade de casa já é uma certeza. "A adaptação será difícil, principalmente em relação à alimentação, pois sou bem acostumado com as comidas de meus familiares, principalmente da minha avó e mãe", admite. O contato com amigos e familiares será mantido por meio de muitas chamadas de vídeo, um acordo já estabelecido entre eles.
Após concluir o curso, os planos de Eduardo são claros: voltar ao Brasil. A bolsa do Sesi prevê que os estudantes prestem serviço à indústria brasileira por dois anos, mas para ele, essa é uma escolha pessoal. "Mesmo que essa cláusula não existisse, já seria do meu interesse trabalhar aqui. Temos excelentes empresas nas quais eu adoraria atuar. Para mim, não faria sentido adquirir conhecimento se não for para repassá-lo ao meu país."
Uma mensagem de inspiração
Para os jovens de Franca que também sonham alto, Eduardo deixa uma mensagem de perseverança. "Uma coisa que percebi durante o processo é que muitas pessoas que não conseguiram a bolsa tinham algo em comum: desistiram no meio do caminho. E isso é o pior que se pode fazer — deixar o medo ser maior que o tamanho do seu sonho", aconselha. Citando um de seus professores, ele conclui: "Quem procura coisa boa, acha. Mesmo que o objetivo principal não dê certo, ao ter boas práticas, outras portas vão se abrir."
Seu sentimento predominante, às vésperas de realizar seu sonho, é de gratidão. "Gratidão por todas as pessoas que me ajudaram e confiaram em mim. Se elas nunca desistiram de mim, eu também não tenho esse direito. Por isso, vou fazer por merecer."
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