O que antes era uma tranquila praça de convivência entre os bairros Parque Doutor Carrão e Parque Moema, na zona norte de Franca, agora se transformou em um cenário de insegurança, abandono e medo. Moradores denunciam a formação de uma favela no local, com a instalação de barracos de madeira e lonas por pessoas em situação de rua.
Além da ocupação irregular, há relatos de acúmulo de lixo, uso de drogas, fogueiras improvisadas, barulho excessivo durante a noite, episódios de constrangimento a pedestres e até casos de sexo em via pública.
A comunidade afirma que a situação saiu do controle. A praça está próxima da avenida Orlando Dompieri, uma importante via que liga bairros da região Norte ao Centro.
De acordo com o professor Leonardo Giolo, morador na região, o problema começou ainda no primeiro semestre do ano. “Instalou-se um morador de rua lá. Ele falou que ficaria só por alguns dias. Realmente, ele ficou umas quatro semanas e depois desapareceu. Mas aí foi vindo um, foram vindo dois, foram vindo três... e agora já está com, se não me engano, cinco moradores de rua. Cada um faz um condomínio”.
A situação se agravou nas últimas semanas. Segundo o professor, os moradores do entorno têm enfrentado barulho excessivo durante a noite, lixo espalhado e até mesmo situações mais graves. “Algumas pessoas relatam que houve até relatos de sexo explícito ali na praça. É uma coisa bem complicada... À noite, também, muita tosse. Eles tossem muito, porque acho que usam muita substância química. Não sei se é crack, se é maconha. E colocam muito fogo também, para esquentar comida. Nosso medo é que mate alguém se pegar fogo em alguma coisa”, desabafa.
Além do incômodo, há um sentimento crescente de insegurança. “É um incômodo muito grande. Eu vejo pela situação deles também. Não está vindo um só, já está com seis ou sete moradores de rua. Até mais. Hoje deve ter uns dez. E cada dia vai ampliando a família. Vai formando aquele condomínio de favela. O pessoal está com muito medo de andar ali na calçada. É um povo que a gente não conhece. É um povo estranho”, relata Giolo.
Eduardo Fernandes, que mora há oito anos no bairro, também se disse preocupado. “Eu fazia caminhada e não está dando mais. Estamos reféns dos cidadãos em situação de rua, só que agora o problema está insustentável. Lixo espalhado e simplesmente se formou uma favela no local, com barracos de madeira e lonas. São aproximadamente oito barracos com pessoas que não sabemos se são criminosos ou não. Esperamos uma resposta e atitude da Prefeitura ou órgãos competentes. Vamos fazer um abaixo-assinado”, afirmou.
Outra moradora, que preferiu não se identificar, disse que se mudou recentemente para o bairro, mas já sente medo. “Tenho conhecidos que moram nesse bairro há muito tempo e já me contaram que antigamente usavam a pracinha para brincar. Ali do lado tem o campinho de futebol, que todo sábado tem jogo, e não tem espaço para as famílias dos jogadores ficarem olhando o jogo, porque a pracinha está tomada por eles.”
Ela também relata uma situação que viveu recentemente e que aumentou ainda mais sua sensação de vulnerabilidade. “Meu noivo deixou o portão aberto e saiu, e eu não tinha outro controle do portão automático. Tive que ficar esperando ele voltar na garagem. Nesse meio tempo que fiquei sozinha, um homem me abordou perguntando se eu precisava de ajuda para limpar a calçada, insistindo nisso, e eu negando. Era visível que ele estava observando que meu portão ficou aberto e eu estava sozinha. Tive sorte que havia um moço de van escolar passando na rua, que viu o que estava acontecendo e ficou parado na minha porta esperando o homem ir embora.”
Ela também relata constrangimento em deslocamentos simples pelo bairro. “Indo à padaria a pé, várias vezes esses homens que ficam ali me gritam, mexem comigo. Eu tenho que passar rápido e de cabeça baixa. Também estão sempre andando pelo bairro, abrindo todos os lixos no dia da coleta seletiva e deixando tudo jogado na rua. Tenho medo de ficar sozinha em casa, e quando fico, sempre deixo as portas trancadas e alarmes ativados. Chego até a trancar a porta do meu quarto quando durmo sozinha. À noite, vai mulher também para esse espaço e ficam tendo relações sexuais, durante o dia e a noite... Ficam brigando e gritando.”
A moradora ainda alerta para uma possível ampliação da ocupação irregular. “Estou sabendo que estão começando a construir barraca do outro lado, na outra área de preservação. Eu vou passear muitas das vezes sozinha com minhas cachorrinhas ali, e agora não vou poder ter espaço nem para minhas cachorras passear na grama.”
Os moradores pedem providências urgentes, antes que a situação se torne ainda mais difícil de controlar. A Prefeitura informou que uma ação foi realizada no local recentemente e que voltará a averiguar a situação.
"A Secretaria de Ação Social informa que realizou uma ação de busca ativa no último dia 22, na praça indicada, em que orientou e encaminhou às pessoas em situação de rua presentes no local para os serviços oferecidos pela Prefeitura. A atividade contou com o apoio da Secretaria de Meio Ambiente, que efetuou a limpeza da área com a retirada de materiais inservíveis, recicláveis e outros objetos acumulados. Devido às novas informações sobre o retorno de pessoas em situação de rua ao local, a secretaria com o apoio das equipes do Meio Ambiente e Guarda Municipal realizará nos próximos dias uma nova ação na praça."
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Comentários
1 Comentários
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Benedito Carlos Rodrigues 06/08/2025Muita receptividade pelo Prefeito. Ele deveria leva-los pra porta da casa dele.