PREJUÍZO

Golpe do falso advogado em Franca: saiba como se proteger

Por Pedro Dartibale | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Golpes são aplicados pelo celular
Golpes são aplicados pelo celular

Uma onda de golpes sofisticados tem causado prejuízos financeiros e emocionais aos moradores de Franca que possuem ações na Justiça. Conhecido como "golpe do falso advogado", o crime já soma perdas de pelo menos R$ 61 mil na cidade apenas em casos noticiados pela equipe do portal GCN/Sampi neste ano. Utilizando informações reais dos processos, os criminosos criam uma abordagem convincente para enganar as vítimas e solicitar transferências via Pix.

"Vim trazer boas notícias": os casos em Franca

A tática dos golpistas se repete, sempre explorando a esperança da vítima em resolver sua questão judicial. Os casos na cidade ilustram a eficácia da armadilha:

  • Prejuízo de R$ 26 mil: uma corretora de 34 anos recebeu uma mensagem no WhatsApp com a foto de sua advogada, informando que sua petição havia sido julgada e ela tinha R$ 28 mil a receber. Para liberar o valor, precisava pagar "custas". Acreditando, ela fez transações que somaram R$ 26 mil.
  • Prejuízo de R$ 17 mil: uma técnica de enfermagem foi contatada por um número desconhecido que usava a foto de um advogado e continha todos os seus dados corretos, incluindo número do processo e documentos pessoais. O golpista afirmou que a ação estava ganha e a induziu ao pagamento.
  • Prejuízo de R$ 10 mil: a advogada francana Érika Valim relatou que um de seus clientes, enganado pela mesma tática, transferiu R$ 10 mil para criminosos. Outros dois clientes quase caíram no golpe, mas desconfiaram e foram pessoalmente ao escritório dela para confirmar, evitando o prejuízo.
  • Prejuízo de R$ 7,9 mil: uma auxiliar administrativa recebeu uma mensagem com a foto e o nome de sua advogada, acompanhada de um falso documento em PDF que confirmava uma vitória de R$ 35 mil. Para receber, ela pagou taxas que totalizaram quase R$ 8 mil.

Por que é tão convincente?

Os criminosos se aproveitam da publicidade da maioria dos processos judiciais no Brasil. Com exceção dos que correm em segredo de justiça, qualquer pessoa pode consultar informações como nome das partes, número do processo e andamento.

De posse desses dados, o golpista cria um perfil falso no WhatsApp, usando a foto do advogado real da vítima. A mensagem inicial é sempre positiva e urgente, informando sobre uma suposta vitória e a necessidade de pagar uma "guia" ou "taxa" para que o valor seja liberado, criando uma forte pressão psicológica.

"A melhor defesa é a verificação", alerta advogado

Para o advogado Wellington Sousa Coutinho, a principal arma contra o crime é quebrar o senso de urgência imposto pelo golpista. “O mais importante é a pessoa ter o trabalho de ligar para o advogado dela ou, melhor ainda, ir até o escritório para confirmar pessoalmente qualquer informação sobre pagamento. Jamais passe dados ou faça transferências sem ter 100% de certeza, mesmo que a pessoa do outro lado da linha saiba todos os detalhes do seu processo”, orienta.

Outras recomendações:

  1. Desconfie sempre de contatos por WhatsApp sobre processos, especialmente de números desconhecidos;
  2. Nunca realize pagamentos antecipados solicitados por mensagem para "liberar valores". Advogados e escritórios sérios têm procedimentos formais para cobrança de custas;
  3. Ative a "verificação em duas etapas" no seu WhatsApp para dificultar a clonagem do seu número;
  4. Não forneça dados pessoais ou bancários por meios não verificados.

Fui vítima: o que a lei diz e como agir?

O golpe do falso advogado é crime de estelionato (Art. 171 do Código Penal). Caso tenha sido vítima, é fundamental agir rapidamente:

  1. Faça capturas de tela (prints) de toda a conversa e do número do golpista.
  2. Salve o comprovante de pagamento do Pix.
  3. Com todas as provas em mãos, registre imediatamente um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil, seja online ou em uma delegacia.

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