A internet facilita a vida de muitas pessoas, mas também pode ser usada de forma mal-intencionada. E as vítimas podem ser crianças e adolescentes. Foi o que aconteceu em São Joaquim da Barra, na região de Franca, com a exposição de menores em plataformas como Discord e no jogo Roblox.
O delegado titular da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de São Joaquim da Barra, Gustavo Costa, foi quem promoveu a investigação e trouxe o tema à tona em suas redes sociais. Em entrevista exclusiva ao portal GCN/Sampi, Gustavo explicou como o assunto o atraiu, tendo partido da realização do Dia C da Convivência, uma ação promovida pelas escolas estaduais para dar atenção aos crimes na internet.
“Era um diálogo entre professores, profissionais de educação e pais. Um pai me explicou que a filha jogava Roblox e começou a conversar no chat com uma pessoa. Essa pessoa deu uns ‘Robux’ para ela. Então ele mandou um link no chat para sair do Roblox”, explicou.
De acordo com o delegado, o jogo Roblox tem um filtro que, dependendo do conteúdo, bloqueia a conversa. Esse link enviado serviria para que o acesso fosse transferido para outra plataforma de conversas, como o Discord.
“Nessa outra plataforma, começou a pedir foto da menina. A criança acabou conversando com o pai, que interveio na situação. A partir daí, eu fui estudar sobre o assunto e vi que isso estava acontecendo muito. A pior plataforma é esse Discord”, contou Gustavo.
As “panelinhas”
O delegado reforçou o alerta em relação a mais um dos perigos dessas plataformas virtuais, que vêm acontecendo com frequência. São as populares "panelas" que, de acordo com ele, seriam uma escala de desafios que, a cada desafio cumprido, o desafiado sobe um degrau na hierarquia. Os desafios propostos não são simples e promovem a violência, abuso e até mesmo podem levar à morte.
"A cada desafio superado, sobem um degrau na hierarquia da chamada 'panela'. Um dos primeiros desafios é a crueldade com animais. Depois vêm a automutilação, o estupro virtual e, por fim, o suicídio", relatou.
Métodos de controle
Gustavo conta que a maioria desses crimes costuma acontecer durante a noite e a madrugada, entre 23h e 4h, e insiste que os pais supervisionem as redes sociais de seus filhos, indicando métodos de gerenciamento e controle de aparelhos celulares, como o Google Family Link, para Android e iOS, e o Tempo de Tela, que já vem embutido no iPhone.
“Saiba o que seu filho está consumindo nas redes. Não vá dormir deixando-o trancado no quarto, sozinho, navegando a madrugada inteira. O uso do aparelho celular por crianças deve ser em área de frequência comum de familiares”, aconselhou.
Como denunciar?
Denúncias podem ser feitas diretamente à Polícia Civil, registrando a ocorrência e promovendo mais atenção às investigações de casos como este.
Posicionamentos das plataformas
Em contato com o suporte do Discord, uma nota foi emitida esclarecendo as melhores formas de denunciar comportamentos abusivos, além de como lidar com ameaças de violência. Confira:
“A melhor maneira de relatar comportamentos abusivos é através do aplicativo Discord. Isso garante que nossa equipe de Confiança e Segurança tenha todas as informações necessárias para investigar e acelera muito o processamento do relatório", diz a nota.
A plataforma oferece formas de realizar denúncias e como aprender a personalizar a experiência, evitando interações indesejadas.
"Se uma ameaça credível de violência foi feita e você ou outra pessoa estiver em perigo imediato, ou se alguém estiver considerando autoagressão e estiver em perigo imediato, por favor, entre em contato com o serviço de emergência local. Eles geralmente têm mais recursos de investigação e podem nos contatar para obter informações que não podemos divulgar a outros."
O suporte do Roblox não se posicionou até o fechamento deste texto.
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