CLIMA ESQUENTOU

'Sem pauta feminista': Câmara barra projeto contra discriminação

Por Pedro Baccelli e Alexandre Perussi | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Sampi/Franca
Divulgação/Câmara Municipal de Franca
Vereadores Marília Martins e Fransérgio Garcia
Vereadores Marília Martins e Fransérgio Garcia

A Câmara Municipal de Franca rejeitou, nesta terça-feira, 27, um projeto de resolução apresentado pela vereadora Marília Martins (PSOL) que pretendia incluir, no regimento interno da Casa, a proibição de qualquer discriminação relacionada à condição de gênero, raça, etnia, deficiência, religião ou orientação sexual. A proposta recebeu cinco votos favoráveis e nove contrários. Acabou arquivada.

O projeto acrescentava a alínea “i” ao artigo 5º da Resolução nº 256, de 2003, estabelecendo que seria vedado “impedir, obstaculizar ou restringir os direitos políticos de parlamentar mulher cisgênero ou transgênero e de sua assessoria, bem como praticar qualquer discriminação relacionada à sua condição de gênero, cor, raça, etnia, deficiência, religião ou orientação sexual”.

A rejeição do texto gerou forte discussão entre os vereadores, principalmente entre a autora do projeto e o vereador Fransérgio Garcia (PL). Para ele, a proposta criaria privilégios para um grupo específico e seria desnecessária, pois a Constituição Federal já garante a igualdade de todos. “Quando se pega um determinado gênero e o exclui do artigo 5º da Constituição, comete-se uma desigualdade”, argumentou.

Em resposta, Marília Martins destacou o aumento de mais de 200% nas medidas e registros de violência contra as mulheres em Franca, classificando a decisão como “uma grande perda”. Ela afirmou que o resultado reflete a mentalidade da cidade e enviou um recado: “Que todas as mulheres que pertencem aos partidos dos colegas saibam que, quando passarem por violência em suas campanhas ou atividades políticas, eles não aprovaram essa lei para protegê-las”.

Fransérgio Garcia também afirmou que não aceita o que classificou como “extremismo” ou “pautas feministas” na Câmara. “Não coloque pautas feministas aqui dentro, porque, com certeza, sempre que colocar, esta Casa vai reprovar”, afirmou Fransérgio. O parlamentar ainda citou que as outras duas vereadoras da Câmara, Andréa Silva (Republicanos) e Lindsay Cardoso (PP), também votaram contra o projeto, questionando se elas seriam “machistas” ou “contra si mesmas”.

Marília Martins rebateu, defendendo que a sociedade é “estruturalmente machista” e apontou que mulheres na política enfrentam perseguições e constrangimentos que não afetam os homens. Como exemplo, mencionou o caso de uma vereadora perseguida por servidores municipais durante uma manifestação, situação que se relaciona com um episódio envolvendo a própria Lindsay Cardoso.

A vereadora do PSOL também lembrou a ocasião em que foi criticada publicamente pelo prefeito Alexandre Ferreira (MDB), após votar contra a liberação de R$ 26,2 milhões para o recapeamento de ruas em Franca. “O machismo estrutural quer as mulheres longe dos espaços de poder”, concluiu.

Os parlamentares que votaram contra a proposta foram: Andréa Silva (Republicanos), Carlinho Petrópolis (PL), Claudinei da Rocha (MDB), Fransérgio Garcia (PL), Kaká (Republicanos), Leandro O Patriota (PL), Lindsay Cardoso (PP), Marco Garcia (PP) e Walker Bombeiro das Libras (PL).

Além de Marília Martins, votaram a favor do projeto apenas os vereadores Donizete da Farmácia (MDB), Marcelo Tidy (MDB), Zezinho Cabeleireiro (PSD) e Gilson Pelizaro (PT).

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Comentários

7 Comentários

  • Darsio 28/05/2025
    Onde está a surpresa com mais esse exemplo de indiferença com as mulheres e outras minorias? São esses conservadores que, não se cansam de dar exemplos de desrespeito as mulheres e, que as concebem como seres inferiores e que devem total submissão aos homens. Vejam o que os conservadores fizeram com a ministra Marina Silva, ou seja, uns vagabundos que a destrataram pela sua condição de mulher. E, você trouxa! Até quando cairá no conto de fada e acreditará que o discurso deus, pátria e família pagará as suas contas e bancará comida na sua mesa? Deixa de ser trouxa, pois esses espertalhões que contaminam suas cabeças, na verdade estão mais preocupados em serem vereadores, deputados e outros cargos que permitam mamar nas tetas do Estado.
  • Francano 28/05/2025
    O nobre vereador Fransergio foi o candidato eleito extrapolando os limites financeiros e prometendo devolver seu salário, pois não precisava... Ele fez? Outra questão... Como estao os projetos para o autistas que ele tanto falou que ia fazer? Até agora nada... Vamos ficar eternamente nas brigas de pautas de direita e esquerda e nada de propositivo será feito?? Apenas pautinhas de lacração?
  • Jhones 28/05/2025
    Esquerdistas sempre querendo o monopólio da narrativa. Querem falar, apontar o dedo, acusar e xingar a vontade, mas se houver uma resposta à altura, dão chilique, abandonam o debate, e acusam a parte contrária de violência, ofensa, machismo, etc... Agora lançam um projeto de lei para legitimar esse comportamento batido, com o objetivo de enfiar um monte de minorias na política, muitas vezes sem experiência nenhuma, facilmente manipuláveis, que vão falar o que os caciques mandarem e com privilégios legais que criminalizam quem confrontá-las. Parabéns a todos que votaram contra. Realmente não precisamos desse tipo de pauta.
  • José 28/05/2025
    Tinha que ser a corja bolsonarista que não vale um centavo
  • A VERDADE 28/05/2025
    Fransérgio ????? ESSE POLITICO QUE COLOCOU UMA CRIANÇA PARA PEDIR VOTOS??? AHHH FAZ ME RIR POLITIQUINHO DE ANE.....
  • Freitas 28/05/2025
    Desnecessário. Poderia estar gastando seu precioso tempo atrás de políticas de proteção às vítimas de verdade. Os casos de feminicídio e demais crimes contra mulheres começam quando se incentiva a promiscuidade, a falta de auto responsabilidade e a promoção da pseudo cultura baixo nível, ainda na adolescência. Deveriam focar em disciplina, responsabilidade, educação (inclusive financeira), cultura de qualidade.
  • Stardust 28/05/2025
    A Câmara como sempre fazendo seu papel de instituição inútil, com vereadores inúteis. Tudo normal aqui nesse fim de mundo. Não há de esperar nada de bom de gente mediocre