FRANCA

Transporte coletivo: o que realmente muda na nova licitação?

Por Pedro Dartibale | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca
Arquivo/GCN
Movimentação no Terminal 'Ayrton Senna', no Centro de Franca
Movimentação no Terminal 'Ayrton Senna', no Centro de Franca

Às vésperas do encerramento da consulta pública, neste sábado, 17, Franca se encontra em um momento decisivo em relação à reestruturação do transporte coletivo. O portal GCN/Sampi analisou a minuta do edital e destacou os principais pontos que deverão ser seguidos pela próxima empresa responsável por operar a frota na cidade.

Cenário atual

Atualmente, o sistema de transporte público de Franca conta com 36 linhas de ônibus, sendo 32 regulares e 4 voltadas especificamente para trabalhadores. A frota é formada, em sua maioria, por veículos antigos: 60% dos ônibus têm mais de 10 anos de uso, enquanto apenas 14% têm até 5 anos. A idade média dos veículos é de 9,9 anos.

À noite, a oferta de viagens na cidade cai em relação ao período da manhã: no início da noite, representa apenas 25% desse volume, e no segundo período noturno, esse número cai para 14%. Nos fins de semana, a oferta corresponde a apenas 20% do fluxo registrado em um dia comum.

A quantidade de passageiros, que já estava caindo antes da pandemia, ainda não se recuperou. Hoje, o número de usuários representa apenas 60% do que era antes da covid-19. Além disso, a tarifa atual é de R$ 5,00.

Proposta

Após avaliar três cenários — manutenção do atual, ampliação da oferta e rede com novas conexões inter-regionais —, o município optou por uma quarta alternativa: um plano híbrido e financeiramente viável.

Principais mudanças da nova proposta (Alternativa 4):

  • Aumento da frota: de 58 para 63 veículos (+9%);
  • Maior capacidade de transporte: aumento de 16%;
  • Expansão da oferta: mais partidas nos horários de pico (+16%), período noturno (+32%) e finais de semana (+22%);
  • Revisão de itinerários: readequação de rotas mal otimizadas e criação de novas linhas para cobrir bairros desatendidos;
  • Redução da tarifa: de R$ 5,00 para R$ 4,00, mantendo as gratuidades;
  • Limite de idade da frota: todos os ônibus terão, no máximo, 10 anos de uso;
  • Conectividade garantida: será obrigatória a instalação de Wi-Fi em todos os novos ônibus;
  • Possibilidade de transição energética: embora o sistema seja inicialmente operado com ônibus a combustão, o contrato prevê a possível adoção de veículos elétricos, desde que comprovada a viabilidade econômica e operacional da substituição.

A ideia é iniciar uma fase de transição com melhorias pontuais e, futuramente, com o aumento da demanda e novos subsídios, implementar mudanças mais robustas.

O que fica de fora?

Segundo os estudos técnicos, a proposta ideal seria uma alternativa mais robusta, que incluía todas as medidas da opção aceita, além de outras complementares, como:

  • Linhas circulares de bairro;
  • Linhas inter-regionais diretas (evitando deslocamentos até o terminal central);
  • Aumento de 57% na frota e mais de 60% nas partidas nos horários de pico.

Essas opções, porém, exigiriam subsídios financeiros considerados inviáveis pela administração municipal. A proposta aceita conta com aproximadamente R$ 22 milhões em subsídio oferecido pela Prefeitura de Franca.

A nova rede de transporte de Franca é um projeto de transição. Representa um primeiro avanço tangível após anos de estagnação, sem, em tese, prometer mais do que o orçamento permite.

A exigência de ônibus mais novos, equipados com Wi-Fi, e a possibilidade de transição para modelos elétricos colocam Franca na direção de uma mobilidade mais moderna, eficiente e ambientalmente consciente. Entretanto, a insegurança quanto ao cumprimento do contrato assombra a população, que há anos sofre com o transporte público da cidade.

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Comentários

2 Comentários

  • Joana Darc Soares da Silva 16/05/2025
    o número de usuários caiu porque diminuiu muitas corridas, principalmente a noite,porque em horários normais os ônibus andam superlotados,se não tem ônibus, como vai ter usuários? não tem como né
  • Dirceu 16/05/2025
    Vai ficar como sempre... a São José vai inventar outro nome de empresa e ganhar a concorrência. No final, não vai mudar nada... a turma da prefeitura ganha a comissão e o povo fica nas mãos da São José mais uns 10 anos.