
Até o dia 13 de abril de 2025, Jundiaí registrou nove casos de sífilis congênita. O número chama atenção por já representar quase um quarto dos casos de todo o ano de 2024, que somou 37 ocorrências, e superar os 31 casos registrados em 2023.
A sífilis congênita é transmitida da mãe para o bebê ainda na gestação ou no momento do parto. Segundo a ginecologista e professora da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jacinta P. Matias, a maioria das infecções ocorre porque a gestante não foi testada durante o pré-natal ou não recebeu tratamento adequado.
A sífilis congênita pode provocar abortamento (quando a gravidez termina de forma espontânea antes da 20ª semana), natimorto (quando o bebê morre ainda no útero, depois da 20ª semana) e parto prematuro (quando o nascimento acontece antes das 37 semanas de gestação), além de outras complicações graves, muitas vezes não visíveis ao nascimento. “A sífilis vem aumentando no mundo todo. Só em 2022, estima-se que mais de um milhão de adultos entre 15 e 49 anos foram infectados. Isso influencia diretamente o número de casos em recém-nascidos”, explica a médica.
Entre os maiores desafios para o diagnóstico e tratamento da doença estão o estigma em torno das ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), a dificuldade de acesso aos serviços de saúde e a necessidade de integrar ações entre os programas de saúde pública. Para ela, o controle da doença depende de campanhas de conscientização, estrutura na atenção primária e testagem precoce, inclusive dos parceiros das gestantes.
“A recomendação é testar e tratar todas as parcerias sexuais das gestantes diagnosticadas nos últimos 90 dias”, explica a médica Jacinta. O tratamento é feito com penicilina — um antibiótico eficaz que elimina a bactéria causadora da sífilis — e está disponível gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Clínicas da Família e no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) de Jundiaí, que também oferece testes para HIV e hepatites.
Os sinais da sífilis congênita podem aparecer até o segundo ano de vida, com sintomas como aumento do fígado e baço, icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos), corrimento nasal e alterações ósseas. Por isso, o acompanhamento adequado e contínuo é essencial para garantir a saúde do bebê.
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