PERIGO

Patinetes viram armadilha para pessoas com deficiência

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução/Redes Sociais
Deficientes visuais enfrentam riscos com patinetes largados em calçadas de Campinas.
Deficientes visuais enfrentam riscos com patinetes largados em calçadas de Campinas.

A implantação dos patinetes elétricos compartilhados em Campinas completou pouco mais de um mês com a promessa de oferecer uma alternativa moderna de locomoção e lazer. Mas para Jaqueline Silva dos Santos, moradora da cidade e deficiente visual, a novidade virou motivo de dor. “A cidade já não tem acessibilidade para nós deficientes. Estão deixando esses patinetes em todas as calçadas do centro”, desabafou.

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Ela conta que sofreu um tombo ao tropeçar em um dos equipamentos deixados de forma irregular em uma calçada das Avenidas Francisco Glicério com a Moraes Salles. “Eu caí, machuquei a boca, machuquei a canela. Só não me machuquei mais porque estava andando devagar”, relata. O tom de indignação se mistura ao pedido direto por providências: “Peço por favor, EMDEC, Prefeitura... se puderem conscientizar as pessoas a não deixar esses patinetes por aí. É muito perigoso”.

A situação de Jaqueline não é isolada. Em um cenário de calçadas mal conservadas, com obstáculos e ausência de piso tátil, os patinetes se tornaram mais um desafio para quem convive com deficiência. Idosos e pessoas com mobilidade reduzida também estão entre os mais prejudicados.

Desde que o serviço da operadora Jet foi lançado, em 23 de fevereiro, 26,8 mil pessoas já utilizaram os patinetes, que somam 63,6 mil viagens. Mas o uso irresponsável preocupa. Segundo a Secretaria Municipal de Transportes e a Emdec, 35 usuários tiveram contas suspensas por descumprirem regras, como andar em dupla, transportar carga ou estacionar de forma incorreta. Cinco acidentes foram oficialmente registrados até o momento.

A própria administração admite a necessidade de reforço nas medidas. A Setransp enviou dois ofícios à Jet cobrando ações corretivas. Além disso, ações educativas atingiram 385 pessoas em locais como o Centro de Convivência e a Lagoa do Taquaral, mas a fiscalização continua limitada frente à extensão do problema.

Para Jaqueline Silva, no entanto, não há estatística que compense o que ela viveu. “Então, o meu apelo é para os órgãos públicos, né?  O pessoal da EMDEC fiscalizar esses patinetes aqui pra pessoas com deficiência como eu ou idosos”.

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