VIAJOU 800 KM

Franca: Homem diz à polícia ser criança que sumiu há 55 anos

Por Hevertom Talles | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca
Reprodução
À esquerda, João Luiz Cori Martins, e à direita, Mauro Lúcio Apolinário, que desapareceu aos 4 anos
À esquerda, João Luiz Cori Martins, e à direita, Mauro Lúcio Apolinário, que desapareceu aos 4 anos

Um homem viajou do Rio de Janeiro até a CPJ (Central de Polícia Judiciária) de Franca neste domingo, 16, alegando ser Mauro Lúcio Apolinário, criança que desapareceu há 55 anos. O então menino, morador de Franca, sumiu em uma fazenda na região de São José da Bela Vista quando tinha quatro anos de idade, em 12 de maio de 1970.

Ele contou que foi sequestrado por um caminhoneiro e decidiu procurar a polícia após assistir a reportagens da Record com entrevistas da mãe de Mauro, Maria Esmeraldina, de 75 anos, que sofre há décadas sem notícias do filho.

João Luiz Cori Martins, um aposentado de 48 anos, afirma se lembrar de tudo. Ele conta que teria fugido da fazenda para escapar de um abuso sexual. Na estrada, encontrou um caminhoneiro que o levou para o Rio de Janeiro, mas o homem era violento. Após a morte do motorista, João foi adotado por outra família.

"Eu vim porque vi o vídeo da minha mãe me procurando na internet, a mãe que me gerou. Lembro-me muito bem dela, nunca a esqueci", disse João.

A esperança do reencontro

Com apenas uma pequena bolsa, João percorreu mais de 800 quilômetros até Franca para tentar reencontrar a suposta mãe biológica. A idosa, de 75 anos, sempre morou na cidade e, na época do desaparecimento, trabalhava com a família em uma fazenda. Durante a colheita de café, João teria se afastado para acompanhar um fazendeiro e nunca mais foi visto.

Neste domingo, 16, a equipe da Record Interior acompanhou a ida da polícia à casa de Maria Esmeraldina. Indisposta por problemas de saúde, ela permaneceu em casa enquanto a irmã, Luzia Apolinário, foi à delegacia reconhecer o suposto sobrinho.

A polícia pediu que o encontro não fosse gravado. João e Luzia conversaram por cerca de 30 minutos em uma sala reservada. A tia não conseguiu confirmar se João é seu sobrinho e aconselhou que se fizesse um exame de DNA para esclarecer o mistério.

"Não senti que ele pudesse ser meu filho pelo jeito como ele desapareceu", disse Maria Esmeraldina, em trecho da entrevista para a Record TV Interior, ao ser questionada sobre João ser seu filho ou não.

Divergências e esperança pelo DNA

A história apresentou incoerências quando a Polícia Civil entrou em contato com familiares de João no Rio de Janeiro. Os familiares relataram que ele colocou essa história na cabeça. A mãe de João disse à polícia que o teve em parto normal e que ele é seu filho biológico. Outro ponto de dúvida é a idade: enquanto Mauro teria hoje 59 anos, João Luiz tem 48, uma diferença de 11 anos.

No entanto, um detalhe chamou a atenção: Mauro possuía uma marca nas costas, e João apresenta uma semelhante na mesma região do corpo.

Agora, Maria Esmeraldina e a família decidirão se realizarão um exame de DNA para confirmar ou descartar a possibilidade de parentesco. Um boletim de ocorrência foi registrado, e João retornaria ao Rio de Janeiro para aguardar uma resposta sobre o exame.

A esperança é que, mesmo depois de 55 anos, o mistério em torno do desaparecimento de Mauro Lúcio Apolinário possa enfim ser solucionado.

Maria Esmeraldina, de 75 anos, em 2021
Maria Esmeraldina, de 75 anos, em 2021
Maria Esmeraldina, de 75 anos, em 2025
Maria Esmeraldina, de 75 anos, em 2025

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