
A Penitenciária de Franca está implementando um novo projeto entre os reeducandos do sistema prisional. Se trata do programa Redação Nota 1.000, que tem como objetivo preparar os internos para provas como o Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos) e Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), além de estimular a melhora da escrita, da fala e o desenvolvimento do pensamento crítico.
A ideia partiu da policial penal Gislaine de Oliveira, formada em Letras e atuante no setor de Trabalho e Educação da penitenciária.
A oficina de redação contou com a participação de 19 estudantes do Ensino Médio. A primeira fase de capacitação teve início em junho de 2024, com encontros voltados à leitura e escrita, realizados na ala escolar da unidade prisional.
Os resultados logo chegaram, com dois dos participantes das aulas de redação se destacando no Encceja, realizado em agosto de 2024.
O objetivo da iniciativa é que esses estudantes possam ingressar em cursos de ensino superior e tenham bom desempenho em entrevistas de emprego, após deixarem o cárcere.
“Por meio das aulas, é possível aprimorar tanto a escrita quanto a fala, o que contribui para que os sentenciados consigam reingressar no mercado de trabalho, com uma comunicação mais clara e assertiva”, explica Gislaine.
Novas turmas em 2025
Uma nova turma composta por 30 reclusos será iniciada na segunda quinzena de março, seguindo a ministração de aulas de redação e dando continuidade no projeto que visa a oferecer novas oportunidades de aprendizado e crescimento pessoal.
Rafael Macedo, chefe de seção do setor de Formação Educacional, Trabalho e Capacitação Profissional da Penitenciária de Franca, conta que, inicialmente, o projeto superou suas expectativas.
“Os presos demonstraram grande interesse, o que foi muito gratificante. Como forma de reconhecer o empenho deles (reeducandos), realizamos uma premiação simbólica para os que se destacaram. Foi uma experiência enriquecedora tanto para os alunos quanto para a equipe envolvida, e um passo importante para a reintegração social dos participantes, o que facilitará seu retorno ao seio da sociedade e ao mercado de trabalho”, afirma.
Mudanças sendo concretizadas
Aprovado no Encceja, o reeducando T.C. conta que conseguiu aplicar na prática os conhecimentos adquiridos nas aulas, especialmente na escrita e interpretação de textos.
“As aulas de redação foram fundamentais para o meu desenvolvimento, pois aprendi a estruturar melhor cada texto e a escolher as palavras certas para me expressar”, afirma.
Ele destaca que as técnicas aprendidas durante o treinamento ajudaram a expandir seu vocabulário, além de aprimorar sua oratória e comunicação.
“Hoje, me sinto mais confiante para buscar um futuro melhor fora do sistema prisional”, conclui.
A oficina de redação realizada na unidade prisional de Franca conta com o apoio da Coordenadoria de Execução Penal da Região Norte (CEPRNORTE), da Polícia Penal do Estado de São Paulo, vinculada à SAP (Secretaria da Administração Penitenciária).
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