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Empregos para mulheres aumentam em Franca, salário ainda não

Por Giovanna Attili | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Wilker Maia/Acif
Palestra da Acif sobre o protagonismo feminino
Palestra da Acif sobre o protagonismo feminino

O Dia da Mulher - data instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1975 como forma de propor reflexões sobre a igualdade de direitos entre os gêneros, celebrada em 8 de março - é marcado por lembrar do papel tão importante que as mulheres representam na sociedade. Ao mesmo tempo, essa data relembra a luta que algumas das mulheres passam todos os dias, especialmente no meio profissional. Em Franca, isso não é diferente.

Andreia Martins, de 46 anos, é doméstica e trabalha nessa função há pelo menos 25 anos. Ela conta que já passou por altos e baixos na sua profissão; muitas situações onde era constantemente desvalorizada e tratada como se fosse um estranho no local. “Eu já trabalhei em casas que eu não podia circular durante o almoço, porque meu patrão estava na casa”, explicou Andreia.

Em situações passadas, ela conta sobre a falta de respeito e as condições na qual era submetida. “Na maioria das vezes é com o homem (machismo), mas não que não tenha com mulher. Tem também. Mas o homem te enxerga como um pedaço de carne, muita falta de respeito. Eles pensam e já querem colocar para fora e acham que você é obrigada a escutar. [...] Eu tinha que levar meu próprio almoço. E a falta de respeito mesmo, de largar uma casa nojenta, ao ponto de você ficar com nojo da sua própria mão”, contou a mulher.

A doméstica conta que, atualmente, a profissão se encontra bem melhor do que um dia já foi, porém ainda tem coisas a melhorar. Reforça o fato de que, apesar de trabalhar com serviços do lar, a mulher ainda tem que voltar para casa e cuidar de tudo da própria casa. “A questão salarial ainda tem muito a se melhorar. A questão do PIS, a gente é um trabalhador como qualquer outro. A gente não tem direito. A empregada doméstica é diferente. Até para receber o seguro-desemprego é diferente de outra trabalhadora.”, explicou.

“A mulher, na verdade, ela trabalha lá fora, quando volta pra casa, tem tudo a fazer, igualmente o que ela fez lá na casa (do patrão). Aí eu chego em casa, é casa, roupa, é filho, é comida, tem que ‘se virar’. Não é fácil. Eu sei que essa profissão já foi muito pior. Hoje, a gente pode falar, a gente pode questionar se não tá bom, mas ainda tem muita coisinha pra melhorar”, afirmou.

Atualmente, Andreia diz que seu trabalho é bem melhor que um dia já foi. Há 9 anos, ela trabalha para um juiz num condomínio fechado e se refere a ele como um “patrão de ouro”, pois, depois de tantas situações no ramo profissional onde era menosprezada, o atual chefe a trata como alguém de sua família, fazendo questão de até mesmo contribuir no desenvolvimento da vida de suas filhas e netas.

“Eu estou numa situação privilegiada. Eu sou tratada, graças a Deus, com muito respeito por ele (atual patrão). De poder sentar e almoçar junto na mesa. De fazer questão da minha neta, que esteja presente, as minhas filhas. A pessoa se importar com a minha necessidade, se eu preciso de algo. [...] Eu tenho um patrão de ouro. E eu sei que na maioria das vezes não é assim.”, concluiu.

Dados da Acif

O IE-Acif (Instituto de Economia da Associação do Comércio e Indústria de Franca) analisou a participação da mulher francana no mercado de trabalho e no empreendedorismo, com base em dados do IBGE, Rais, Novo Caged e Receita Federal. O levantamento aponta que as mulheres representam 51,5% da população do município, totalizando 181.647 habitantes. No cenário profissional, elas foram responsáveis por 55% dos empregos gerados em 2024, resultando em um saldo positivo de 1.748 vagas formais. O setor de Serviços se destacou como o principal empregador feminino, com 1.178 novas vagas, seguido pelo Comércio, que registrou 508 admissões.

“Apesar dos avanços, a disparidade salarial ainda existe. Enquanto a remuneração média dos homens é de R$ 3.146,46, em Franca, a das mulheres é de R$ 2.919,99, o que equivale a uma diferença de 7%. O cenário ainda não é o ideal, mas, observamos avanços. Em 2007, primeiro ano da série histórica da Rais sobre o tema, essa diferença chegava a 16%”, diz o presidente da ACIF, Fernando Rached Jorge. “Iniciativas como plano de carreira e remuneração estabelecida por cargo são adotadas pela ACIF há muito tempo, a fim de mitigar tais discrepâncias e incentivar as empresas locais a aderirem mecanismos do tipo”, afirma.

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