Além das boas memórias de Wander, Rafael citou as dificuldades que os motoboys sofrem no dia a dia, enfatizando a necessidade de valorização da profissão.

“Todo mundo que tá aqui depende, vive, da 'bag' hoje. Não está nisso por brincadeira. Só que a falta de respeito ultimamente está muito grande. Porque se é ao contrário, se o ‘motoca’ tivesse batido errado, te garanto que todas as redes, todas as partes de comunicação estariam batendo. Aí, acontece igual aconteceu ontem, ficam em silêncio”, disse o entregador.

“Ninguém sabe o que acontece debaixo do capacete. Se o cara tem conta, se o cara tem dívida, se o cara tem filho pra sustentar, se tem pensão pra pagar. Então, esse que é o problema. Ontem (domingo), um menino indo embora pra casa, veio um cidadão que não sabe da onde, não para no sinal; porque o sinal era dele; acabou com a família”, explicou.

No último dia 18, o prefeito Alexandre Ferreira (MDB) sancionou uma lei que multa motos barulhentas por conta do barulho dos escapamentos. O projeto de lei é do vereador Marco Garcia, do PP, e prevê multa de R$ 1 mil a R$ 3 mil, a depender do horário da infração. Rafael Vargas também protestou contra isso, usando a tragédia envolvendo o colega como exemplo.

“Hoje, enquanto não se punir (uso de) celular (no trânsito), dirigir embriagado, não vai adiantar vereador ficar preocupado com escapamento barulhento, não. Querer punir. Só quem vive disso sabe o poder do escapamento barulhento no meio do trânsito. Sabe o que é tomar fechada. A indignação da maioria do pessoal tá aqui.”, concluiu Vargas.

A homenagem dos motoboys foi realizada partindo de buzinaços e sons de escapamento, o popular "cortar de giro". Eles seguiram em comboio até o local do sepultamento, o cemitério Santo Agostinho.