A manhã desta sexta-feira, 21, trouxe um cenário de dor e comoção para os moradores de São Joaquim da Barra. Famílias desoladas e sonhos interrompidos compunham o ambiente em frente ao IML (Instituto Médico Legal), onde parentes, amigos e curiosos se reuniam em busca de notícias. Entre lágrimas e abraços de consolo, familiares entravam e saíam na esperança de reconhecer seus entes queridos ou, ao menos, receber notícias que lhes trouxessem algum alívio.
O acidente ocorreu na madrugada de quinta-feira, 20. Um caminhão bateu em um ônibus que transportava estudantes da Unifran (Universidade de Franca). Segundo o boletim de ocorrência, 33 pessoas estavam no veículo. Doze estudantes morreram no impacto.
Diante do IML, o motorista Luís Fabiano Santos Olaro recebeu a confirmação de que Pedro Henrique Saraiva, filho de sua prima, estava entre as vítimas. "Eu liguei para minha mãe e perguntei: 'O Pedro Henrique Saraiva é filho da Adriana?' E ela confirmou que sim", relatou, ainda em choque. "Ele tinha só 17 anos", completou Luís, com a voz embargada.
A tragédia repercutiu por toda a cidade. A comerciante Flora Aparecida Medeiros notou um movimento atípico na lanchonete que administra com a filha. "O dia hoje amanheceu bem escuro, não é? Muitas pessoas na rua, só se vê choro, só se vê tristeza. Muito difícil. Eu mesma já chorei diversas vezes hoje. Ouvi falar de mães que perderam os filhos e estão desesperadas... Estou horrorizada, porque a gente não está acostumado a ver uma tragédia tão grande como essa", desabafou.
Enquanto alguns ainda aguardavam a identificação das vítimas, o clima de dor era palpável. Um pai chorava silenciosamente na porta do instituto, esperando para reconhecer o corpo de seu filho. Ao subir a rampa de acesso à entrada principal, precisou ser amparado por uma agente da polícia e uma psicóloga assistente, cedida pela Prefeitura de São Joaquim da Barra para dar suporte aos familiares enlutados.
À frente da equipe de psicólogos da administração municipal, Tamires Della Vechia explicou a complexidade do trabalho realizado. "Hoje é um dia de luto coletivo em São Joaquim. É uma tragédia que nos afeta profundamente, pois atinge famílias conhecidas, amigos próximos. Nosso papel tem sido dar as notícias, oferecer suporte psicológico e auxílio funeral, já que muitas famílias não têm condições financeiras para arcar com essa despesa. Queremos aliviar, ao menos um pouco, a dor burocrática em meio a tanto sofrimento", explicou, visivelmente emocionada.
Tamires destacou que o trabalho de assistência não termina com o sepultamento. "O luto não tem prazo para acabar. Essas famílias vão carregar essa dor por anos e precisarão aprender a conviver com ela. Nosso compromisso é oferecer um acolhimento contínuo, escutar com empatia e ajudar na reconstrução emocional dessas pessoas".
Até o final da tarde desta sexta-feira, os preparativos para o funeral estavam em andamento. A prefeitura avalia a possibilidade de realizar um velório coletivo neste sábado, 22, mas a decisão final cabe às famílias das vítimas.
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