FEVEREIRO LARANJA

Filho doa medula e ajuda mãe a vencer leucemia em Franca

Por Pedro Dartibale | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução
Vanessa e seu filho Gabriel no dia em que ele fez o procedimento de doação de medula óssea
Vanessa e seu filho Gabriel no dia em que ele fez o procedimento de doação de medula óssea

Vanessa Cristina César, 43 anos, professora, sempre levou uma vida ativa. Praticava natação e academia regularmente, mas, a partir de abril de 2020, começou a notar uma queda em seu desempenho esportivo. O cansaço excessivo, as dores na nuca e a perda de força se tornaram constantes, o que a levou a buscar ajuda médica.

Inicialmente, os sintomas foram atribuídos à depressão. No entanto, com o passar do tempo, novos sinais começaram a aparecer: perda repentina de peso e hematomas inexplicáveis pelo corpo. Foi então que Vanessa resolveu investigar mais a fundo. O diagnóstico veio como um choque: leucemia linfoide aguda.

A luta contra a doença e a busca pela cura

O tratamento teve início imediatamente com quimioterapia. Foram oito ciclos intensos, que a deixaram extremamente debilitada, chegando a pesar apenas 46 quilos. Desde o começo, ficou claro que o transplante de medula óssea seria indispensável para sua recuperação, em razão de uma mutação genética da doença.

A busca por um doador compatível começou desde os primeiros momentos, mas sem sucesso. O desgaste emocional e físico foi imenso, agravado por um momento difícil: a substituição de seu médico titular. A nova médica foi direta ao dizer que suas chances de cura eram baixas, mesmo com o transplante, abalando ainda mais sua esperança.

Mesmo diante desse cenário, Vanessa se apegou à fé. Em meio ao cansaço extremo, encontrou forças para continuar acreditando que sua cura era possível. E então, o que ela aponta como "um milagre" aconteceu: seu próprio filho, Gabriel César Querino, de 22 anos, fez o teste de compatibilidade e recebeu a esperada notícia de que ele era 100% compatível.

O transplante e um sinal de esperança

Mãe e filho foram internados e passaram juntos pelo procedimento. Gabriel fez a doação por punção, considerada a melhor opção para o caso de Vanessa. Após 16 dias, souberam que o tranplante havia dado certo, e a recuperação começou.

Em um momento marcante, Vanessa recebeu uma injeção de morfina para aliviar as dores do procedimento. No dia seguinte, um hematoma em forma de cruz apareceu em seu corpo. Para ela, foi um sinal divino de que sua recuperação era um propósito maior.

Depois de 1 ano de tratamento, internações e desafios, Vanessa venceu a leucemia e hoje vive ao lado da família, compartilhando sua história para inspirar outras pessoas.

Fevereiro Laranja: A importância da conscientização

A trajetória de Vanessa se conecta diretamente com o Fevereiro Laranja, campanha de conscientização sobre a leucemia e a importância da doação de medula óssea. O caso dela reforça uma verdade essencial: o transplante pode salvar vidas.

No Brasil, o número de doadores cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) ainda precisa crescer, pois encontrar um doador compatível fora da família é raro -em média, a cada 100 mil pessoas, apenas uma é compatível.

Por isso, a campanha Fevereiro Laranja incentiva a população a se cadastrar como doadora. O procedimento para doação é seguro, e, como no caso de Gabriel, pode significar a salvação de alguém que luta contra a leucemia.

"O Fevereiro Laranja tem um papel fundamental na conscientização sobre a leucemia e na incentivação da doação de medula óssea. Quanto mais pessoas se cadastrarem como doadoras, maiores são as chances de encontrar compatibilidade e salvar vidas", conclui Elaine Dias Gimenes, agente de Captação e Comunicação Social do Hemocentro de Franca.

Vanessa acredita que tudo tem um propósito e que sua missão agora é conscientizar as pessoas. "Se minha história puder encorajar alguém a se cadastrar como doador de medula óssea, já terá valido a pena. A cura pode estar mais perto do que imaginamos", afirma.

A leucemia é uma batalha difícil, mas histórias como a de Vanessa mostram que a esperança, a fé e a solidariedade podem transformar vidas. Que o Fevereiro Laranja nos lembre da importância de estender a mão ao próximo e dar a chance de um novo começo a quem mais precisa.

Sobre a Leucemia:

A leucemia é um tipo de câncer no sangue que tem origem na medula óssea, local onde as células sanguíneas são produzidas. A doença ocorre quando há uma proliferação descontrolada de células anormais, substituindo as saudáveis e comprometendo o funcionamento do organismo.

Os sintomas da leucemia variam, podendo incluir sangramento nas gengivas e no nariz, inchaço no pescoço, fadiga intensa, dores nos ossos e articulações, febre persistente com suor noturno, perda de peso sem explicação, manchas avermelhadas ou roxas na pele, palpitações e desconforto abdominal.

O tratamento da leucemia tem como objetivo eliminar as células cancerígenas e permitir que a medula óssea volte a produzir células saudáveis. Isso pode envolver quimioterapia, controle de infecções e hemorragias, além de cuidados especiais com o Sistema Nervoso Central. Em alguns casos, o transplante de medula óssea é necessário para aumentar as chances de cura.

O transplante pode ser feito de duas formas:

  • Autólogo: utilizando as próprias células do paciente.
  • Alogênico: utilizando células de um doador compatível.

A doação de medula não envolve cirurgia e pode ser feita de duas maneiras:

  • Punção: Coleta da medula óssea diretamente do osso da bacia, por meio de uma agulha.
  • Aférese: Um medicamento estimula a produção de células-tronco, que são coletadas de forma semelhante a uma doação de sangue.

Imagem do hematoma em formato de cruz:

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Comentários

1 Comentários

  • Luis 09/02/2025
    linda história, ela deu a vida a ele e Deus deu a ele a compatibilidade de doar a medula a ela e fazer ela voltar a ter uma vida normal de novo