O espetáculo A Falecida chegou ao Teatro do Sesc Franca com a apresentação de Camila Morgado e Thelmo Fernandes nesta sexta-feira, 10, e terá nova exibição neste sábado, 11. As vendas foram liberadas no dia 2 de janeiro e, em 48 horas, todas as cadeiras já estavam preenchidas. Durante entrevista ao Portal GCN, os atores comentaram sobre a trajetória e a realização de interpretar personagens criados pelo escritor e jornalista Nelson Rodrigues.
O público pode esperar uma peça atemporal, com texto escrito há 72 anos e readaptado pelo diretor Sérgio Módena, protagonizada por Camila Morgado, que voltou ao teatro após 11 anos longe dos palcos. A atriz, que ficou conhecida por interpretar a personagem ‘Dona Patroa’ em Renascer, traz à tona, de forma indireta, resquícios dessa figura para Zulmira, de A Falecida.
A peça retrata diversas situações enfrentadas por um típico casal carioca da década de 50. A história narra os planos frustrados de Zulmira, que enfrenta uma tuberculose e planeja ter um enterro luxuoso para causar inveja em sua prima Glorinha. Já seu marido, Tuninho, desempregado e fanático pelo Vasco, além de adorar apostar no bicho, descobre a traição de sua esposa e muda seus planos de um enterro luxuoso para um enterro ‘de cachorro’.
Além da trama, a trilha sonora percorre diversos estilos, como samba, e inclui obras de Dalva de Oliveira. A iluminação e a cena do mausoléu – um símbolo de ostentação nos cemitérios – contribuem para a criação de uma atmosfera que desperta no público a sede de descobrir o próximo ato.
Pessoas presentes no primeiro dia de apresentação relataram que as lágrimas foram inevitáveis, além de perceberem que já tiveram um Tuninho em suas vidas. "Como pode, né? Uma peça conseguir trazer à tona toda a nossa história sem nem nos conhecer? Eu já tive um Tuninho na minha vida e hoje, graças a Deus, estou bem melhor sozinha", disse emocionada Helena Monteiro, empresária de Ribeirão Preto, 39 anos, após o espetáculo.
De volta aos palcos
Após 11 anos longe dos palcos, a atriz Camila Morgado retorna ao teatro com A Falecida, de Nelson Rodrigues. Ao lado de Thelmo Fernandes, os dois protagonizam o espetáculo, que já conquistou plateias por todo o Brasil. A montagem chega a Franca, trazendo reflexões sobre temas atemporais como a condição feminina e as relações humanas.
"Eu nem percebi que estava há tanto tempo sem fazer teatro. A gente emenda um trabalho no outro e, quando vê, o tempo passou", disse Camila. A atriz, que recentemente brilhou na novela Renascer e na série Bom Dia, Verônica, destacou a importância de estar nos palcos novamente. "Comecei pelo teatro e sempre quis montar uma peça de Nelson Rodrigues. Quando o diretor Sérgio Módena me convidou, aceitei de imediato."
Para Camila, dar vida à personagem Zulmira é uma experiência transformadora. "Ela é uma mulher que não é ouvida, vive um casamento frustrante e busca ser vista por meio da morte. Apesar de escrita em 1953, a peça é incrivelmente atual. Ainda vivemos em uma sociedade patriarcal, e dar voz a essas mulheres é essencial", explicou.
Thelmo Fernandes, que divide o palco com Camila, também destacou a relevância do texto. "O Nelson é brilhante, e A Falecida é a primeira peça dele com um tom mais cotidiano. O público se diverte muito, mas é aquele riso nervoso, porque estamos lidando com a tragédia da vida real", afirmou.
Thelmo, conhecido por papéis marcantes em produções que abordam temas delicados, como a minissérie Todo Dia a Mesma Noite, sobre a tragédia da Boate Kiss, reforçou o impacto do teatro na sociedade. "Camila disse algo muito importante: nosso trabalho deve provocar reflexão. Queremos que o público saia do teatro com vontade de conversar, de pensar sobre a vida. Nelson Rodrigues tem essa capacidade de mostrar o cotidiano e, ao mesmo tempo, nos fazer questionar."
A montagem de A Falecida promete emocionar e provocar o público. "Tenho recebido relatos de mulheres que se identificam com as histórias das minhas personagens. Isso é muito importante, porque ajuda a dar nome às experiências que vivemos, como violência psicológica e física. Falar sobre isso é essencial para mudarmos como sociedade", concluiu Camila.
Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.