A família do cabo Alan Roberto de Freitas Silva, de 35 anos, lotado na Companhia de Força Tática do 15º Batalhão da Polícia Militar, espera que a justiça seja feita após sua morte durante um treinamento da PM em Ribeirão Preto.
Freitas faleceu no último dia 21 de novembro, após 32 dias internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital das Clínicas. Ele sofreu complicações após engasgar com um pedaço de frango durante a instrução no Curso de Policiamento de Força Tática, ocorrido em 18 de outubro.
Esposa denuncia condições desumanas
A esposa do cabo, Sarah Paschoarelli, expressou sua revolta ao relatar as condições às quais Alan e outros policiais foram submetidos no treinamento. “Ele estava em um curso para aprender, não para ser humilhado”, afirmou. Segundo Sarah, os participantes eram obrigados a comer comida no chão, em apenas um minuto, utilizando as mãos.
“Comer no chão, como bicho, com gás, para quê? Isso é desumano. A pessoa que autorizou isso precisa ser responsabilizada”, criticou.
Ela também destacou a falta de apoio da corporação durante o período em que Alan esteve hospitalizado. “Quem me ajudou foram amigos dele e pessoas que gostavam dele. A instituição não me deu respaldo algum, nem de Franca, nem de Ribeirão”, desabafou.
Treinamento continuou mesmo após o incidente
Sarah e sua família ficaram indignadas ao saber que o curso continuou normalmente após o incidente. “Ele engasgou no final da primeira semana, ainda restavam três semanas de curso, e eles deram sequência, fizeram festa de formatura, churrasco e comemoraram, enquanto o Alan estava no hospital”, relatou.
Ela contou que não compareceu à formatura porque Alan começou a apresentar sinais de reação no mesmo dia. “Ele tentou acordar na sexta-feira, então eu fiquei com ele. Nunca que eu sairia dali. Fiquei quietinha ao lado dele”, disse emocionada.
Investigações e cobranças
A Polícia Militar abriu uma sindicância para apurar as circunstâncias do incidente. A família, no entanto, cobra maior celeridade e rigor na investigação, exigindo que os responsáveis sejam punidos.
Alan, que ingressou na PM em 2012 e fazia parte da Força Tática desde 2022, tinha planos de evoluir na carreira e prestar para sargento na Escola de Oficiais. “Ele era um profissional exemplar e uma pessoa maravilhosa. Ele se preocupava comigo até no hospital, perguntando se eu tinha comido ou bebido água”, relembra Sarah.
Dor e pedido de justiça
Sarah enfatizou a necessidade de responsabilização: “Eu perdi tudo o que tinha. Não há dinheiro que traga ele de volta, mas quem fez isso precisa pagar. Foi desumano. O Alan deveria estar aqui, nada disso era para ter acontecido.”
A esposa também questionou o sistema que permite tais práticas: “Por que só a gente está pagando por isso? Por que a família dele tem que passar por essa dor, enquanto outras pessoas seguem suas vidas normalmente? Isso precisa parar!”
O cabo Alan Roberto de Freitas Silva deixa um legado de dedicação à profissão e à comunidade, mas sua morte levanta questões sobre a necessidade de mudanças nos treinamentos e na forma como os policiais são tratados durante cursos de capacitação.
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