FALSO SEQUESTRO

Mulher de 25 anos simula próprio sequestro para pagar agiotas

Por Verônica Andrean | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Verônica Andrean/GCN
Gabriel Fernando Tomaz, delegado da DIG
Gabriel Fernando Tomaz, delegado da DIG

Uma jovem de 25 anos, moradora do Jardim Simões, foi detida e levada à DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Franca, nessa quinta-feira, 17, após simular o próprio sequestro. O objetivo da falsa comunicação era pressionar sua família a tomar um empréstimo para quitar uma dívida de aproximadamente R$ 18 mil com agiotas.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Gabriel Fernando Tomaz, o episódio teve início quando um denunciante anônimo entrou em contato com a DIG, afirmando que a funcionária de uma rede de fast food local havia sido sequestrada por agiotas, que exigiam dinheiro para sua libertação.

“Recebemos uma ligação informando que uma funcionária de um fast food havia sido sequestrada e que os criminosos estariam exigindo uma quantia em dinheiro da família para liberá-la. De imediato, nos mobilizamos para investigar o possível crime de extorsão mediante sequestro”, explicou o delegado.

Família em desespero

As investigações apontaram o endereço da jovem, e a equipe policial foi até sua residência. No local, a família, inicialmente desesperada e temendo pela segurança da filha, resistiu ao contato com a polícia, por acreditar que a ação poderia colocar a vida da jovem em risco.

“Os supostos criminosos só haviam entrado em contato através do celular da vítima, e a família estava muito assustada. Nós montamos uma vigilância no local, com a informação de que os agiotas iriam até a casa buscar o dinheiro que o pai da vítima, um idoso, havia retirado através de um empréstimo”, relatou o delegado Gabriel Tomaz

No entanto, antes que qualquer ação dos supostos sequestradores ocorresse, a jovem chegou ao local em um carro de aplicativo. Ao ser abordada pelos policiais, ela apresentou diversas inconsistências em sua história.

 A confissão

A jovem alegou inicialmente ter sido sequestrada no dia 16 de outubro, nas proximidades de sua casa, e mantida em um motel até o momento de sua chegada à residência. Porém, após um interrogatório mais aprofundado, a versão começou a "cair por terra", sendo esclarecida.

“Encontramos muitas incoerências nas versões dela, e, ao aprofundarmos as investigações sobre a movimentação dos aparelhos celulares, ela acabou confessando que havia simulado o sequestro. O objetivo era forçar a família a retirar um empréstimo para quitar sua dívida com agiotas”, revelou o delegado.

 A gravação do falso sequestro

Um dos elementos que sustentavam a tese do sequestro era um vídeo enviado à família. Nele, a jovem aparecia com pés e mãos amarrados, chorando e pedindo socorro. No entanto, ela própria admitiu que gravou o vídeo sozinha, como parte de seu plano para pressionar os familiares.

A jovem confessou que sua dívida com agiotas soma cerca de R$ 18 mil, envolvendo credores de Franca e de outras cidades. Ela afirmou ter inventado a história por medo de ser morta caso não conseguisse o dinheiro para quitar o valor.

 Alerta sobre agiotagem

O delegado Gabriel Tomaz também alertou para os perigos do envolvimento com agiotas. “Já houve casos em Franca em que pessoas endividadas foram mortas por agiotas. O crime de usura, popularmente conhecido como agiotagem, é o empréstimo de dinheiro com juros abusivos. É um crime, e quem toma dinheiro emprestado tem a obrigação de pagar apenas os juros previstos em lei, não os arbitrários estabelecidos pelos agiotas”, explicou.

Falsa comunicação de crime

Além disso, o delegado destacou que falsas comunicações de sequestro podem gerar graves consequências. “Toda comunicação de sequestro ou extorsão é investigada com rigor. Se for mentira, a verdade virá à tona, e isso pode acarretar responsabilidade criminal.”

No caso da jovem, como a denúncia foi feita por uma pessoa anônima, ela não será responsabilizada criminalmente. Contudo, o delegado reforçou que a falsa comunicação de crime é tipificada no artigo 340 do Código Penal, podendo resultar em punições.

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