NOSSAS LETRAS

Vanessa Maranha lança romance ‘A mãe infinita’

Por Mara Magaña |
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Roda de conversa sobre personagens femininas com Vanessa Passos, Isadora Pacelio e Gisele Fortes, Livraria Na Nuvem, em São Paulo
Roda de conversa sobre personagens femininas com Vanessa Passos, Isadora Pacelio e Gisele Fortes, Livraria Na Nuvem, em São Paulo

Vanessa Maranha está de volta ao romance com “A mãe infinita”. O livro fala dos desassossegos da relação mãe-filha, expõe o recôndito dos dias, das marcas que são gravadas a sangue e fogo na pele e na alma, mesmo que essas escrituras não estejam à vista. 

A morte, ou melhor, as mortes (da mãe, dos desejos, das possibilidades) perpassam toda a narrativa, que não se baseia na linearidade. A autora não mergulha nas lembranças superficiais, mas, antes, naquelas que, por vezes, nos recusamos a perceber, ou mesmo aceitá-las.

A partir da morte da mãe, território proibido, como a própria Vanessa Maranha denomina, há a (des)construção do que acreditamos ser crível: “No modo hesitante de quem invade território proibido, feito quem viola a intimidade mais funda do outro, vilipêndio, fui me permitindo devagar descer o olhar, a princípio duro, depois, pesaroso – a minha grande pena – para o seu colo enrugado, seios murchos e esparramados no tórax, um tanto caídos para os lados, seios de quem amamentara. Estranhamente familiar, era e não era ela”.

A data para o lançamento do livro tornou-se emblemática: dia 16 de agosto, quando sua mãe completaria 70 anos. O livro, segundo Vanessa, é uma ficção, na verdade, “que parte da realidade do luto, mas que se permite à invenção sobre a memória como modo de elaboração”.

Maranha é artífice potente do romance psicológico. A mãe infinita é um resgate do vínculo, nem sempre existente, nem sempre cordial, nem sempre afetivo, nem sempre prazeroso, mas indissociável da caminhada da autora. Um face a face como em “Sonata de Outono”, de Ingmar Bergman, onde se reencontram (ou se reintegram) a mãe-pianista-famosa Charlotte (Ingrid Berman) e a filha fragilizada emocionalmente (Liv Ullmann), juntas, ao piano. Sim, “A mãe infinita” é um acerto de contas com os medos, anseios, angústias, impedimentos: “Em vida, sua representação fora a de me refrear. Me interditava os ímpetos. Me quebrava a asa, queria-me com os pés assentados no chão. Que eu não virasse uma lambisgoia”

O fio da narrativa nos remete a uma das paixões de Maranha: Virginia Woolf, na qual já se debruçou com o romance “A Filha de Mrs. Dalloway,” que foi selecionado como projeto participante do Pitching da Amazon, na FLIP 2017, e recebeu o Prêmio UFES de Literatura 2019/20 (Universidade Federal do Espírito Santo). Um fluxo de consciência poético, arrebatador, que avança e retrocede no tempo, fazendo-nos persegui-lo por todo o livro. E é a própria autora que mais que explicar justifica esse desenredo (porque todo enredo é meio enviesado): “Esse é um livro sobre mortes ou de mortos. Um livro sobre a necessidade de dizer para não esquecer, de dizer para em algum momento poder parar de dizer”.

Para adquirir o livro e acessá-lo do Kindle, celular, tablet ou computador, baixe o app Kindle e depois busque o livro neste link: https://a.co/d/9ItRRtR.

Sobre a autora

Vanessa Maranha é escritora, psicóloga, docente, pós-graduada em Psicanálise, Avaliação Psicológica, Terapias Cognitivo Comportamentais, Mindfulness e Neurociência e autora laureada. Entre inúmeros prêmios, estão o Guimarães Rosa da Radio France Internationale (2001); seleção de contos da Universidade Federal de São João Del-Rei (MG, 2004); Prêmio UFES de Literatura 2013/14 (Universidade Federal do Espírito Santo)com o livro de contos Quando não somos mais (EDUFES, 2014); Barueri de Literatura 2013/2014 com Oitocentos e sete dias (Multifoco, 2012); finalista ao Prêmio São Paulo de Literatura 2015 com seu romance de estreia Contagem regressiva (Selo Off Flip, 2014); Menção Honrosa do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura 2016 com Começa em Mar, seu segundo romance que também foi finalista do Prêmio Guarulhos de Literatura 2018. Lançou em 2021 o volume de contos Estigma (Editora Telucazu, 2021) como Prêmio por Histórico de Realização em Literatura (PROAC - Programa de Ação Cultural) da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, pelo qual recebeu Menção Honrosa no Prêmio Rubem Fonseca da União Brasileira dos Escritores (UBE/RJ) e ainda pelo PROAC lançou o seu primeiro livro infanto-juvenil, A Ordem do Dragão- Jornada a Tarczal, Editora Telucazu (2022).

Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários