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Região tem em média uma pessoa desaparecida ao dia; maioria volta

Por Nathália Sousa |
| Tempo de leitura: 3 min
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A luta de familiares e amigos para encontrar pessoas desaparecidas é diária
A luta de familiares e amigos para encontrar pessoas desaparecidas é diária

No ano passado, o Brasil registrou 80.317 casos de pessoas desaparecidas, de acordo com o Anuário de Segurança Pública 2024, produzido pelo Fórum Nacional de Segurança Pública. A maioria dos desaparecimentos dura alguns dias e a pessoa então é encontrada e volta para casa, mas há casos que perduram por anos sem solução, sem paradeiro, e levando centenas de famílias a uma luta diária por informações do ente desaparecido. Nesta sexta (30), o Dia Internacional da Pessoa Desaparecida faz lembrar dessa luta.

Na região abrangida pela Delegacia Seccional de Jundiaí, com nove cidades, são de 30 a 40 desaparecimentos por mês registrados em boletim de ocorrência. Ao menos um por dia na média, segundo dados do Processo de Investigação de Desaparecimento (PID), da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Jundiaí. Ainda segundo o PID, essas pessoas somem por diversos motivos, como dependência química, fugas, ausência intencional. Apenas uma pequena parte dos desaparecidos não é mais encontrada.

E não raramente essa pequena parte fica esquecida. Fundadora da ONG Mães da Sé, que divulga casos de desaparecimentos e reivindica ações de buscas, Ivanise Esperidião descreve o sentimento de quem tem um ente desaparecido. "Procuro pela minha filha há quase 30 anos, sem nenhuma pista, nenhuma notícia. É uma ferida que não cicatriza nunca, um luto que não termina."

Para Ivanise, os desaparecimentos atingem uma derteminada classe social e não há suporte de fato às famílias. "O desaparecimento, infelizmente, é um fenômeno social que atinge pessoas de classes desprivilegiadas e, por não ser um crime, não é tratado pela segurança pública. Por isso tem descaso, as autoridades acham que as pessoas desapareceram porque quiseram, mas mesmo se for esse o caso, o estado tem uma responsabilidade."

Ivanise diz que há um trabalho entre familiares para as buscas, geralmente pela internet. "A gente se ampara, uma mãe ampara a outra. Continuamos com nossos encontros aos domingos, a cada 15 dias na Praça da Sé. Redes sociais são a única ferramenta que temos hoje. Há 15 anos, as empresas nos procuravam para divulgar fotos de desaparecidos em produtos, mas isso foi acabando com a chegada da internet e as pessoas desaparecidas começaram a parar de estampar embalagens, então a nossa única ferramenta são redes sociais", conta.

Procedimento

Quando uma pessoa desaparece, o primeiro passo é comunicar outros familiares, amigos e a polícia, pois, a partir do boletim de ocorrência, há uma busca. Para evitar desaparecimentos de crianças, adolescentes e pessoas com Alzheimer, por exemplo, é importante que tenham sempre em mãos identificação e o endereço e telefone de casa ou o endereço e telefone de onde encontrar os pais ou responsáveis.

Especificamente para adolescentes, pais e responsáveis devem orientar a ligar imediatamente para o 190 da Polícia Militar a qualquer movimento suspeito de pessoas estranhas, a não manter contato via internet com qualquer pessoa estranha ou fornecer informações sobre o cotidiano, endereço e telefone, além de a não marcar encontros em locais isolados pela internet.

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