FUTEBOL FEMININO

Goleira de Ituverava brilha e leva seleção à disputa do ouro

Por Lucas Faleiros | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Rafael Ribeiro/CBF
Lorena em ação nas semifinais das Olimpíadas de Paris, contra a Espanha
Lorena em ação nas semifinais das Olimpíadas de Paris, contra a Espanha

Do trauma de não conseguir jogar uma Copa do Mundo à coletânea de boas atuações que rendeu à Seleção Brasileira mais uma vaga na final das Olimpíadas. Esses são os pontos extremos com a camisa do Brasil da carreira da goleira Lorena, nascida em Ituverava, a 70 km de Franca.

Convocada por Arthur Elias e bancada como titular desde o início da fase de grupos dos Jogos Olímpicos, a jogadora do Grêmio começou a ter destaque defendendo as cores verde e amarela em 2022.

Naquele ano, a Seleção Brasileira feminina, ainda comandada pela sueca Pia Sundhage, foi campeã da Copa América sem sofrer absolutamente nenhum gol. O feito foi associado a Lorena, que ao final da competição, vencida sobre o Paraguai pelo placar de um a zero, foi eleita a melhor goleira do torneio.

As boas atuações fariam com que o nome da atleta fosse presença praticamente garantida na Copa do Mundo de 2023, na Austrália, o que não aconteceu por causa de uma grave lesão: um estiramento no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. No campeonato internacional, o Brasil foi eliminado ainda na fase de grupos, o que rendeu a demissão de Pia.

A ituveravense precisou passar por uma cirurgia e encarou longos 11 meses de recuperação até o retorno aos gramados. Pela Seleção, voltou a ser chamada em março, ainda como suplente, na SheBelieves Cup, agora por Arthur Elias. Mas o destino queria que a goleira brilhasse. Na disputa pelo terceiro lugar da competição, contra o Japão, Lorena defendeu um pênalti no tempo normal e outros três na decisão por penalidades, garantindo a condecoração ao esquadrão.

Recuperada, a arqueira também voltou a jogar e ser peça importante do Grêmio no Campeonato Brasileiro de 2024, ajudando a manter o Imortal dentro da zona de classificação ao mata-mata.

O reconhecimento derradeiro viria antes das Olimpíadas de Paris, quando a jogadora seria convocada pelo treinador ex-Corinthians. Com o trauma superado, viriam grandes atuações contra Nigéria, Espanha, ainda na fase de grupos (e mesmo com a derrota), França, defendendo um pênalti cobrado por Karchaoui, e, por último, Espanha, mas agora na semifinal, culminando em uma vaga na decisão olímpica que a Seleção não conquistava desde 2008.

No duelo contra as espanholas, especificamente, Lorena fez defesas importantíssimas em tentativas de Jennifer Hermoso, Salma Paralluelo e Alexia Putellas. Em um dos chutes da camisa 10 Hermoso, no segundo tempo, a goleira precisou se esticar toda para evitar que a seleção europeia marcasse. Em outro arremate, esse de Putellas, Lorena deu um tapa na bola, jogando-a no travessão.

Ao final da semi, o placar marcava 4 a 2 para o Brasil. Nos dois gols da Espanha, Lorena não teve chances – um deles foi marcado pela própria companheira Duda Sampaio, contra, e outro por Paralluelo, à queima-roupa.

Com medalha de prata garantida, a Seleção vai em busca do ouro no sábado, às 12h, contra os Estados Unidos. Em caso de vitória, será a primeira vez em que o time feminino do Brasil se sagra campeão olímpico. Lorena, mais uma vez, deve ser a titular no gol brasileiro.

Trauma das enchentes

Com uma trajetória esportiva gloriosa, Lorena enfrentou, ainda, um trauma no âmbito pessoal antes da convocação aos Jogos Olímpicos. Morando no Rio Grande do Sul para jogar no Grêmio, a goleira e sua família perderam praticamente tudo de material nas enchentes que atingiram o estado.

“Conseguimos tirar todos em segurança, mas só com a roupa do corpo. Os pets, graças a Deus, estão todos salvos, todos na minha casa. É horrível passar por isso”, contou a jogadora em um post feito nas redes sociais em maio. Apesar do susto, ninguém se feriu.

Outras pessoas, porém, não tiveram a mesma sorte. Cento e oitenta e dois moradores do Rio Grande do Sul perderam a vida na tragédia e outros 29 foram considerados desaparecidos.

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