PEDIDO DE SOCORRO

Moradora de Franca tem a pior dor do mundo: ‘Sofrimento sem fim’

Por Pedro Baccelli | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca
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Ana Laura Vital da Silva antes e depois do diagnóstico de Neuralgia do Trigêmeo
Ana Laura Vital da Silva antes e depois do diagnóstico de Neuralgia do Trigêmeo

“É uma dor de choque. Tenho essa dor 24 horas por dia. Tenho um choque tão profundo que é como se tivesse colocado os dois dedos na tomada”. O relato é da francana Ana Laura Vital da Silva, de 26 anos, diagnosticada com Neuralgia do Trigêmeo – considerada a pior dor do mundo pela medicina.

A doença ganhou destaque após o caso de Carolina Arruda, de 27 anos, ganhar os jornais em todo país. Sofrendo com o diagnóstico há dez anos, a jovem abriu uma vakinha on-line para levantar fundos para realizar eutanásia na Suíça, ato intencional de provocar a morte – o procedimento é crime no Brasil. Carol passa por tratamento da Santa Casa de Alfenas, município ao Sul de Minas Gerais. Elétrons foram implantados no crânio e na medula dela na tentativa de controlar as dores. 

A francana Ana Laura era modelo e morava na capital paulista havia dez anos. Vida que se transformou a partir de 2020. Após voltar de uma viagem à Europa, a francana sentia dores persistentes na boca. Ela demorou a procurar um médico pelo costume de se automedicar. Sem saber que o nervo estava comprometido, três dentes foram extraídos na esperança de acabar com o sofrimento. Um dos sisos estava com canal e a raiz próxima ao nervo. 

O diagnóstico da doença saiu apenas em 2023. “Demorou três anos para eles descobrirem de onde estava vindo a dor. Se eu já tinha extraído os dentes, por que aquela dor continuava? Na maioria das vezes, os exames não saem a neuralgia do trigêmeos (...) na última cirurgia que fiz da descompressão neurovascular foi ver que o nervo estava em atrito com a artéria. É um sofrimento sem fim”, disse a paciente. 

As dores - semelhantes a choques elétricos ou fortes pontadas - podem durar de 1 segundo até 2 minutos. A doença também desencadeou outro problema. “A Neuralgia trouxe uma deficiência no canto da boca e na língua. É uma paralisia. Ela me deixou mais sensível nessa região. Eu me mordo muito, muito mesmo”.

Além de não conseguir trabalhar, Ana Laura não suporta bebidas quentes ou geladas. Uma simples carne assada é sinônimo de sofrimento. “Faz mais de três anos que não como um belo de um churrasco, porque eu não consigo”. 

Ana Laura ingere quatro comprimidos, de 8 em 8 horas, de Carbamazepina, remédio que serve para dores no nervo da face. Também foram receitadas cinco gotas de Canabidiol por dia e o analgésico Tramadol de 100 gramas, que, segundo ela, não faz mais efeito. Medicações que geram um custo de cerca de R$ 500 por mês. Sem conseguir trabalhar pelas fortes dores, os gastos são arcados pelos pais. 

Alérgica a outros medicamentos, a francana recorre à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) quando as dores aumentam. “Tive uma crise muito forte (nesta sexta-feira, 2). Fui à unidade e falaram que não podem ficar me dando morfina, porque o meu corpo vai acostumar e não fará mais efeito”.

Cansada do sofrimento causado pela Neuralgia do Trigêmeo, Ana Laura pede um tratamento efetivo e ajuda no custeio de seus medicamentos para a Rede Pública de Saúde. “Queria muita fazer o tratamento que a Carol está fazendo. Não sei se é possível, mas é uma coisa que eu queria”.  

Consulta em setembro

Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informou que a que a paciente tem consulta agendada para o dia 16 de setembro, e será avaliada na especialidade de neurocirurgia, às 10h10, na Santa Casa de Franca. Ainda segundo o texto, a Secretaria Municipal de Saúde de Franca entrará em contato com a paciente para notificá-la sobre as demais orientações.

Depende do médico

Já a Secretaria Municipal de Saúde pontuou que Ana Laura passou por consulta médica, no NGA (Núcleo de Gestão Assistencial), no último dia 31 de julho, e que a tratamento solicitado é de acordo com a conduta médica.

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