RESISTÊNCIA

'Com 11 anos fui cavalinho do filho do patrão', diz mulher negra

Por Bruna Góis | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução/WhatsApp GCN
Conselheira Titular da Comdecon, Rosangela Valentino, ao lado esquerdo da foto
Conselheira Titular da Comdecon, Rosangela Valentino, ao lado esquerdo da foto

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é celebrado nesta quinta-feira, 25. A data não é um feriado, mas busca fortalecer a luta das mulheres negras por igualdade e justiça. Em Franca, Rosangela Valentino, aos seus 56 anos, representa a história das mulheres negras e mostra os constantes desafios enfrentados diariamente ao liderar como Conselheira Titular no Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Franca (Comdecon).

Rosangela comenta sobre a falta de visibilidade para mulheres pretas e negras, muitas delas esquecidas na cidade e no mundo. A data traz a reflexão da luta diária e a falta de oportunidade de estudar, se informar e ter um salário digno da mulher.

"Eu vejo que venci um tabu e uma batalha, eu sofri muito no racismo no passado, tanto é que fui uma menina com 11 anos sendo contratada para trabalhar de empregada doméstica, para ser o cavalinho do filho do patrão, para eu ser uma negrinha, ser uma pretinha, era cabelinho de bombril... Então hoje, na minha idade, eu vejo que essa revolução das mulheres pretas é um privilégio", comenta Rosangela sobre a importância da data comemorativa.

A construção por uma igualdade continua e as mulheres negras continuam resistindo e conquistando o mercado de trabalho, faculdades e sem tabu. "Muitas mulheres como eu já sofreram muito na pele o preconceito. A divisão entre o branco e o preto, a divisão entre você não poder trabalhar em certos locais por trabalhar só pessoas brancas, nós estamos vencendo estes desafios", prossegue ela.

'Filho de Maria'

Seguindo a sua história de vida e inspirações, Rosangela Valentino escreve atualmente um livro, Filho de Maria, retratando o racismo, principalmente com a mulher preta e como ela passa por diversos processos como trabalhar de doméstica, ser maltratada e às vezes até como bicho por não pode sentar na mesa.

'Ana'

O curta-metragem 'Ana' produzido por jovens da Oficina Querô conta a história de uma criança que não se enxerga como negra e não compreende a importância do reconhecimento de suas características. O pensamento, aparentemente inofensivo de Ana, revela o que vivem milhares de meninas negras que não valorizam ou reconhecem a própria identidade, com uma autoestima e uma autoimagem baseada na ficção.

Você Sabia?

A data surgiu em 1992, quando um grupo de mulheres negras se reuniu em Santo Domingo, na República Dominicana. A ideia era se organizar para diminuir o alto número de violência e desigualdade que afetam esta parcela da população,  marcando então o 1° Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas.

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