INCAPAZ?

Defesa quer avaliação psicológica de suspeita de matar namorado

Por Francisco Lima Neto | Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Camera do prédio
Luiz Marcelo e Julia no elevador do prédio: horas depois, ele estaria morto, envenenado pela namorada
Luiz Marcelo e Julia no elevador do prédio: horas depois, ele estaria morto, envenenado pela namorada

Com a conclusão pela Polícia Civil do Rio de Janeiro do inquérito sobre a morte do empresário Luiz Marcelo Ormond, 49, encontrado morto dentro do seu apartamento no Engenho Novo, na zona norte do Rio de Janeiro, no dia 20 de maio, a defesa da namorada dele, Júlia Andrade Cathermol Pimenta, 29, indiciada pelo crime, pediu avaliação mental dela.

Ao todo, seis pessoas foram indiciadas. Além de Júlia, Suyany Breschak, 27, que se apresenta como cigana e é apontada como mentora do assassinato, também está presa sob suspeita de envolvimento no crime.

As advogadas Flávia Fróes e Hortência Menezes, responsáveis pela defesa de Júlia, afirmaram neste sábado (13) que pediram que ela seja atendida pelo psiquiatra forense Hewdy Lobo e pela psicóloga jurídica Elise Trindade "para avaliar suas condições de saúde mental", o que já foi deferido pela juíza.

A defesa afirmou que só vai se manifestar novamente após essas etapas. Segundo a defesa, em nota, os laudos necroscópicos são inconclusivos. "Os três laudos de necropsia elaborados no inquérito não apontam para morte violenta de Luiz Marcelo, sendo imprestáveis para a conclusão de que tenha sido vítima de homicídio. Aliás, são inconclusivos quanto à causa da morte", afirma.

Defesa diz que não há prova de envenenamento

A defesa ressaltou que exame toxicológico constatou a presença das substâncias morfina e clonazepam no estômago da vítima, mas sem a quantidade ingerida por Luiz Marcelo.

"Muito se fala em envenenamento, mas em tempo algum houve a ingestão de veneno. O que houve foi a constatação no estômago do Luiz Marcelo, da presença das duas substâncias", ressaltou a advogada Flávia Fróes.

"Não foi feito exame quantitativo das substâncias, sendo leviano afirmar uma superdosagem. Frise-se que ao testar positivo o estômago, era necessário fazer-se a testagem do fígado. Consta do laudo que o fígado foi recolhido para exame. A defesa irá requerer tais diligências", afirmou a defesa.

As advogadas também afirmaram que o prato levado por Luiz Marcelo no elevador não continha nenhum doce, sendo petiscos que foram ingeridos com cerveja na área social do condomínio.

"A namorada foi indiciada por homicídio qualificado por meio insidioso [dissimulado]. Tecnicamente a substância não era veneno, mas sim um medicamento [morfina], que em grandes doses é fatal. Tem o agravante do motivo torpe e traição", afirmou o delegado responsável pelo caso, Marcos André Buss.

Júlia vai responder também por se apropriar dos bens do empresário e vender as armas dele, além de estelionato, associação criminosa, fraude processual, falsidade ideológica e uso de documento falso.

Suyany Breschak foi indiciada por suspeita dos mesmos crimes de Júlia, exceto uso de documento falso. A defesa de Suyany não respondeu à reportagem.

Como foi o crime

Luiz Marcelo Ormond namorava Júlia havia cinco meses. Ele foi encontrado morto no sofá do apartamento em que morava no Engenho Novo, no dia 20 de maio, e o corpo já estava em avançado estado de decomposição.

A polícia diz acreditar que Júlia tenha ficado pelo menos três dias com o cadáver de Ormond no apartamento, enquanto levava bens e esperava por um cartão de crédito da conta conjunta que tinham aberto. Nesse período ela também tentou transferir o carro do empresário para o seu nome.

A investigação afirma que Júlia envenenou o empresário com comprimidos de morfina e outros remédios que foram moídos e colocados dentro de um brigadeirão. O IML (Instituto Médico Legal) confirmou que fora encontrada morfina no estômago de Ormond.

Em seu depoimento, Suyany afirmou que Júlia lhe devia R$ 600 mil devido a "trabalhos espirituais" em que ela teria sido mentora. Disse ainda que a dívida era quitada com pagamentos de R$ 5.000 mensais. As duas têm uma relação de pelo menos 12 anos, segundo a apuração.

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