Os vereadores de diversas cidades do entorno de Franca terão reajustes salariais (tecnicamente, subsídios) significativos a partir de 2025. As câmaras municipais aprovaram aumentos que chegam a 166%, gerando debates e reações mistas entre a população e os próprios legisladores.
O pontapé inicial para a série de acréscimos foi dado justamente por Franca, em dezembro de 2022, quando os membros do poder legislativo aprovaram uma elevação de quase 80% na remuneração do cargo para o próximo mandato. Os pagamentos, que, na atual legislatura, são de R$ 6,1 mil, passarão a ser de R$ 10,9 mil. Os vereadores de Franca tinham os mesmos vencimentos há mais de uma década.
À época, a justificativa para o reajuste incluiu a inflação acumulada ao longo dos anos e o índice de 60% do valor pago aos deputados estaduais, que recebiam R$ 25,3 mil – o subsídio dos deputados já sofreu novas altas e, a partir de fevereiro do ano que vem, será de R$ 34,7 mil. Mas isso não impactará a remuneração dos eleitos em Franca, que terão direito aos R$ 10,9 mil mensais brutos.
A situação não é exclusiva do município. Na região administrativa, aumentos de até 166% foram registradas. É o caso de Cristais Paulista, onde os próximos vereadores embolsarão R$ 4 mil todo mês - hoje, o pagamento dos atuais é de R$ 1,5 mil. Em Ituverava, a alta será de 88%, com os novos pagamentos chegando a R$ 9,8 mil.
O caso mais recente é de Rifaina - por lá, o acréscimo foi de 48%. Em junho, a Câmara Municipal da cidade aprovou um ajustamento de R$ 4,05 mil para R$ 6 mil.
Outros aumentos consideráveis são da região de Ribeirão Preto, município que pagará R$ 20,5 mil mensais aos próximos parlamentares, 49% a mais do que é pago aos atuais. Em Taquaritinga, a elevação será de 155%. Em Barretos, de 99%.
São justos?
O aumento dos salários dos ocupantes das câmaras municipais é frequentemente justificado pela necessidade de corrigir a defasagem causada pela inflação e pela ausência de reajustes durante períodos críticos, como a pandemia. Vereadores, assim como prefeitos, não tem reajuste anual. Os aumentos só podem ser feitos para a legislatura seguinte - na prática, a cada quatro anos. A população, por outro lado, vê esses aumentos com desconfiança, principalmente quando comparados à realidade econômica e salarial da maioria dos trabalhadores.
Para o cientista político Bruno Silva, o ideal é encontrar um meio termo que respeite a razoabilidade e as características socioeconômicas dos municípios.
“Muitos entendem que o trabalho do legislativo acaba sendo supervalorizado, enquanto os parlamentares argumentam que seu trabalho é subvalorizado, justificando, assim, as correções. Isso se deve ao distanciamento entre representantes e representados, o que gera descrença na capacidade da política institucional de responder aos problemas cotidianos da população”, pontuou.
O especialista também destacou que esses reajustes não são aplicáveis à legislatura atual, mas à próxima. “Os vereadores que votaram pelos aumentos precisam vencer as próximas eleições para se beneficiarem dos reajustes, o que impede o argumento de que estão legislando em causa própria”.
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Comentários
4 Comentários
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Zé 15/07/2024E para o servidor público que realmente trabalha... 3,8% de reajuste. Ah, mas o prefeito e os vereadores não tem aumento faz 10 anos... Então soma o mesmo período de reajuste dos servidores para ver se dá 80%. Esperem a greve do ano que vem para equiparar os reajustes, e o pior que os servidores terão razão. -
Jose Pereira 15/07/2024Bora trabalhar e muito ara sustentar esta CORJA. -
Darsio 15/07/2024Todas as profissões deveriam ter os seus salários corrigidos pela inflação e, não somente os tributos e taxas que pagamos e, muito menos somente a elite do funcionalismo público, tais como os juízes e procuradores. O que deveria haver é um mecanismo que obrigasse cada parlamentar a frequentar e trabalhar 8 horas dias na sua respectiva casa legislativa, incluindo ter de bater o ponto. E, a maior parte do seu salário ser resultado de uma exigida eficiência, tal como consta na meritocracia que eles tanto defendem para o trabalhador das iniciativas privada e pública, do baixo clero, é claro. Esse mecanismo poderia ser a consciência, mas infelizmente ainda são muitos que, numa eleição se comportam como gado, ou seja, sempre elegendo as mesmas castas e nomes da política que, historicamente nada fizeram de importante, a não ser para os seus bolsos e os de seus familiares. Enfim, do modo como está, temos muitos legisladores que nada entendem de leis e muito menos se interessam pelos problemas da sociedade, pois tudo o que fazem é gravar cenas e situações, fazer os devidos cortes e postar nas suas redes sociais para que então continuem a ter o gado necessário e obediente a eles, para então se perpetuarem no poder e dele se enriquecerem, mesmo que ilicitamente. Os Bolsonaros são um exemplo disso, em que toda a família está sendo preparada para ocupar cargos políticos. Mas, alguém poderia me citar um único benefício que o carioca Eduardo Bolsonaro trouxe para a cidade em troca dos muitos votos que obteve? E, olha que a estratégia da famílicia é elegê-lo senador nas próximas eleições. Aliás, alguém poderia me citar algum importante projeto de sua iniciativa focado na melhoria das condições de vida do brasileiro? Não vale fake news, a troca de refinaria por joias árabes e nem saber fritar hambúrguer, viu!!!! -
Leonardo 14/07/2024Mais uma vez o povo não faz nada e os \"representantes\" sim em aspas fazem a sua vontade e não a do povo , desde quando político é profissão? Existe cbo , carteira assinada pra isso ? Parece que sim pois são as mesmas figurinhas de sempre , até quando o povo vai continuar a deixar que eles façam o que eles querem e realmente nos representem ? Será que o povo deixou de ser cidadão e é apenas gado seja de A ou B? Eu não posso acreditar nisso.