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Transporte público em Franca poderá seguir ‘nas mãos’ da São José

Por Pedro Baccelli | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca
Pedro Baccelli/GCN
Fila para embarque em ônibus no terminal central Ayrton Senna, em Franca
Fila para embarque em ônibus no terminal central Ayrton Senna, em Franca

O transporte público coletivo de Franca pode continuar nas “mãos” da São José nos próximos anos. Em entrevista exclusiva ao Portal GCN/Rede Sampi, a diretora da Emdef (Empresa Municipal para o Desenvolvimento de Franca), Milena Bernardino, disse que o atual contrato não foi rompido e segue em vigência até 2025, e que nada proíbe a empresa de participar da próxima licitação.

O anúncio sobre o rompimento do atual contrato da Prefeitura de Franca com a São José, responsável pelas linhas de ônibus na cidade, foi feito pelo prefeito Alexandre Ferreira (MDB), no dia 21 de dezembro de 2023. A decisão foi tomada após o TCE (Tribunal de Contas do Estado) encaminhar acórdão apontando irregularidades na forma como o então prefeito Gilson de Souza fez a renovação do contrato de concessão, em junho de 2019.

Na época, Alexandre não divulgou os apontamentos feitos pelo TCE. Milena revelou ao GCN que o contrato não foi aprovado pela Câmara Municipal de Franca. Uma nova licitação não chegou a ser realizada e, mesmo sem o aval do Legislativo, o Executivo deu continuidade. “Não teve nenhuma outra cláusula de irregularidade”. Razão pela qual a São José está apta a participar do futuro certame que está sendo elaborado. “O contrato foi dado como irregular por essa questão. Não tem nada que impeça a empresa de participar. Nem ela nem nenhuma outra”, completou.

Nova licitação
Após anunciar que não cumpriria o atual contrato até o final (em 2029), a Prefeitura de Franca divulgou no dia 16 de abril que contrataria uma empresa para a realização de um estudo técnico para a elaboração da futura licitação, que, segundo Milena, deve ficar pronta apenas no próximo ano. A ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) está colhendo dados com a administração, além de pesquisas em pontos de ônibus e terminais para a montagem do perfil da cidade, com suas necessidades, peculiaridades e, claro, quanto custará para a próxima ganhadora rodar no município de 352 mil habitantes.

Foi realizada uma pesquisa com a população. Com folhetos anexados em ônibus e pontos pela cidade, os passageiros puderam acessar o QR Code e opinar sobre o atual serviço oferecido. As participações acontecerão entre os dias 24 de maio e 5 de junho. Também nesta linha, a prefeitura realizou a primeira audiência pública para discutir o tema na última terça-feira, 11, no auditório da Secretaria Municipal de Educação. Somadas as iniciativas, foram 190 contribuições da população.

A consulta mostrou que 49% dos usuários que participaram consideram o transporte ruim e 30% regular. Já 38% acham que tem poucos ônibus na linha que usam no dia a dia. Insatisfação prevista pela administração. “Temos ciência das dificuldades que têm os usuários em relação à quantidade de linhas, à quantidade de ônibus e à frota que precisa ser melhorada”, disse Milena.

De acordo com a diretora da Emdef, 58 ônibus estão em circulação por 40 linhas. “Quando tínhamos uma frota maior, era uma média de 67 mil usuários por dia. Hoje, depois da pandemia, caiu e não retomou. Atualmente, temos uma média de 34 mil usuários. Isso acabou forçando essa redução. Sabemos que isso é prejudicial e o transporte precisa melhorar, mas precisamos desse entendimento econômico para aumentar o número de linhas”.

Quem pagará a conta?
Todas as gratuidades previstas por leis – sejam federais, estaduais ou municipais – serão mantidas. Segundo a gestão, caberá à população decidir se os custos do transporte público serão integralmente arcados pelos usuários, por meio da tarifa, ou se a prefeitura deverá pagar parte do valor, com subsídios.

Ao consultar os passageiros por meio de pesquisa, 77% são a favor do município contribuir com subsídios. Outras duas audiências públicas serão realizadas, cujas datas ainda serão divulgadas.

Milena também não descarta que a futura licitação preveja obras estruturais. “Por enquanto, estamos focados na questão das linhas e nessa distribuição. Posteriormente, é possível que entre alguma coisa em relação aos pontos de ônibus e, talvez, na melhoria do terminal.”

Enquanto as incertezas sobre o futuro se sobressaem, a certeza é de que os passageiros continuarão vendo os ônibus da São José no terminal central “Ayrton Senna”, pelo menos até o início do próximo ano.

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Comentários

7 Comentários

  • Darsio 22/06/2024
    Independente da bandeira partidária que defendemos, tínhamos que nos unir e exigir o fim das regalias e privilégios pagos a classe política. Não deveriam haver carros oficiais e ajuda de custo para combustível, a todos aqueles que forem eleitos para ocupar um cargo público. Assim, ou bancariam do próprio bolso ou usariam os serviços públicos, como é comum na Europa. E, usando do transporte público, certamente tomariam vergonha na cara para melhorar a sua qualidade. BASTA DE PRIVILÉGIOS E MORDOMIAS PARA POLÍTICOS!!!!!
  • CREONICE ALVES DE CASTRO 17/06/2024
    Não é nenhuma novidade, quando o Prefeito fez graça a respeito de mudança, a Empresa nem se manifestou, eles sempre compraram todas as administrações da Cidade, pagam e eles continuam, nessa pouca vergonha, ônibus velhos caindo aos pedaços, parece que é só estudante que usam o transporte público, não tem horários, poucos ônibus, a Empresa não tem nenhum comprometimento com os usuários do transporte público. E a administração está pouco se importando, não usa o transporte. INFELIZMENTE NÃO BUSCAM SOLUÇÃO, PARA BENEFICIAR OS USUÁRIOS. NÃO QUEREMOS NADA DE GRAÇA, NÓS PAGAMOS, QUEREMOS É UM TRANSPORTE DIGNO, COM HORÁRIOS QUE ATENDAM A NOSSA NECESSIDADE. NÃO TEM HORÁRIO QUE CHEGA NO TERMINAL ANTES DAS 07:30. É UM ABSURDO.
  • Luciano chiderolli Carrijo 17/06/2024
    Já passou da hora de ter mudanças nesse transporte público e empresas com ônibus mais confortáveis e com o preço que cabe ao consumidor...tinha que ter mudanças como se a pessoa precisa pegar o coletivo todos os dias o preço passagem tinha que ser mais barato e quem pega de vez em quando tarifa normal
  • Dirceu 17/06/2024
    Tem que ser muito inocente se pensar que a São José vai largar o osso. Não é só o transporte q está nas Mãos da empresa... os nossos amados políticos tbem estão nas mãos deles... Como a comissão recebida é gorda, os políticos sequer fazem uma forcinha pra libertar o povo francano da SJ... É uma piada essas licitações de portas fechadas e já sabendo o ganhador. Aliás, todas as licitações são de cartas marcadas... seja em âmbito federal, estadual ou municipal... sempre tem os que estão predestinados a ganhar a licitação.
  • Darsio 17/06/2024
    Em suma! A São José permanecerá com o monopólio dos serviços de transportes em Franca para esses próximos séculos, ou mesmo milênios. Seus diretores permanecerão reclamando dos valores da tarifa, mas continuarão a engordar os seus bolsos. E, os usuários continuarão a pagar uma das mais caras tarifas do Brasil e, com um dos piores serviços em qualidade. Nossa classe política é uma aberração e, se colocássemos fim a uso de carros oficiais, obrigando prefeito e vereadores a usarem o transporte público, creio que a realidade poderia mudar.
  • Belchior De Melo Santos 17/06/2024
    ...e como.tudo no Brasil, vai terminar em pizza isso aí...bem que meu írmão me falo!
  • aparecida donizete de freitas 17/06/2024
    A diminuição do número de usuários é justamente pela falta de linhas ou veículos. Os horários tem intervalos enormes, que na vida corrida dos usuários não cabe isso., precisa de rapidez. Eu saio para ir ao banco, ou fazer uma compra, entre ida e volta, gasto de 30 a 40 minutos no maximo para fazer o que preciso, e gasto mais de 2 horas com transporte. Devido a isso as pessoas estão utilizando mais o UBER do que o transporte público. Uber é mais oneroso, porem é muito mais rapido. Tem cidades maiores, que o intervalo do ônibusa fica entre 10 a 15 minutos. Outras bem menos, pois tem 2 empresas. Não queremos ficar na ociosidade olhando beleza de terminal, ou de ponto de ônibus., usando hi-fy gratuita. Queremos sim é chegar rápido no local do destino, com menos lotação. Lotação em demasia, é motivo de roubo, importunação e transmissão de doenças. Já tive até problemas na coluna, ao sentar no último banco e sofrer o baque do onibus, ao passar nas lombadas, ou torcer o braço, estando em pé para segurar ao fazer as curvas ou desvios. NÃO É CULPA DO MOTORISTA, porque ele está tentando apenas cumprir o horário imposto . Pouco ônibus, pouco horário e trajetos longos . E olha que os francanos não reclamam dos preços, da lotação, não destrói onibus, não fazem protestos ( pelo preço)., então independente de qual empresa, não custa fazer o melhor. A empresa ganha, o município não terá problemas e os usúarios ficaram gratos.