A história do jovem Raul Afonso Fricatti, de 29 anos, ou melhor, do doutor Raul Afonso Fricatti, mostra que superar as adversidades que a vida nos coloca é um ato vitorioso, muitas vezes resultado gratificante de muita luta e perseverança.

Nascido em Franca, criado na zona norte da cidade, filho mais velho de dona Ivonete, sapateira, e do "Seu" Wilson, pintor. Rafaela é sua irmã, mais nova. Através de autorização judicial, começou a trabalhar logo cedo aos 13 anos em uma loja de couros para ajudar a família financeiramente. Aos 15, passou no vestibular da Etec no Colégio Industrial e se formou no ensino médio em 2012. Foi um dos alunos que participou da cápsula do tempo, aberta no final de abril.

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Depois de dois anos de muito esforço, conciliando trabalho com os estudos, Raul conseguiu em 2014 100% de uma bolsa de estudos pelo ProUni (Programa Universidade Para Todos) para estudar Educação Física na Unifran (Universidade de Franca). Durante o curso, uma nova paixão passou a surgir na vida de Raul. Nas aulas de anatomia, o jovem passou a ter interesse pela matéria. “Meus professores me incentivaram a tentar uma área que eu pudesse contribuir mais social e cientificamente e me sugeriram a medicina”, disse o médico.

Percebendo que uma nova paixão profissional se aflorava, Raul trancou a faculdade de Educação Física depois de um ano e meio e iniciou um novo desafio, tentar conquistar uma nova bolsa estudos, agora para o curso de Medicina. Foram seis meses novamente de muito estudo conciliando o trabalho como atendente de telemarketing e contando com apoio da família.

Receita essa que mais uma vez foi infalível e surtiu um ótimo resultado. Raul tirou nota 960 na redação do Enem de 2015 e chegou a conseguir pela segunda vez mais uma bolsa 100% gratuita pelo ProUni, dessa vez, em duas universidades federais, a Unifal (Universidade Federal de Alfenas) e a Ufsj (Universidade Federal de São João do Del Rey), mas Raul não queria ficar longe da família e conseguiu uma vaga no curso de Medicina da Unifran utilizando a mesma nota que o fez conseguir vaga nas duas federais de Minas Gerais.

O jovem teve que largar o trabalho para focar somente no curso integral de Medicina da Unifran, e para ter um valor garantido mensalmente, a mãe Ivonete teve que arrumar outro emprego. “Eu trabalhava com pesponto de carteira em casa de forma informal. Quando o Raul começou a cursar Medicina, eu precisava de um trabalho mais garantido, aí eu consegui uma vaga de trabalho como atendente de telemarketing na mesma empresa que o meu filho trabalhou e fiquei até ele finalizar o curso”, conta.